São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 2005

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Presidente da CNBB critica "presentes por obrigação"

DA REPORTAGEM LOCAL

Dom Geraldo Majella, 72, o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, entidade máxima da Igreja Católica no país) não gosta desta obrigação que as pessoas têm de trocar presentes no Natal. Para ele, a festa foi transformada em um "momento de se fazer dinheiro" e perdeu seu significado inicial de ser um período de reflexão.
Na infância de dom Geraldo não havia Papai Noel. O importante era comemorar o nascimento de Jesus, conta nesta entrevista à Folha. (DT)

Folha - Qual o significado do Natal hoje?
Geraldo Majella -
O Natal sempre significou uma festa de Cristo. Mostra como o homem pode resolver seus problemas contra o mal ouvindo a Sua palavra e seguindo o Seu caminho, que é um caminho de esperança, de um mundo novo. E este mundo não depende da posse de bens materiais mas daquilo que é necessário para o dia-a-dia e para a eternidade, como amor à verdade, à justiça, à fraternidade, à paz. O significado do Natal não mudou.

Folha - O significado continua o mesmo, mas a festa mudou bastante. O senhor acha que ela está cada ano mais consumista?
Majella -
Sim, sem dúvida nenhuma. O Natal foi transformado em um momento de se fazer dinheiro. Daí vem esta preocupação da troca de presentes e as pessoas, muitas vezes, se sentem obrigadas a entrar nesta situação de troca.

Folha - Muitas crianças conhecem antes o Papai Noel do que a história do nascimento de Jesus. Falta educação religiosa nas famílias?
Majella -
As famílias estão deixando, não só em matéria religiosa mas em matéria de educação mesmo, tudo para os outros, para a escola, quando toda educação deve começar em casa. As crianças deveriam conhecer a história até para valorizar aquilo que têm. Muitas vezes, a criança hoje mesmo no meio de tanto presente acaba não se realizando, não aprender a dar valor e não fica estimulada a fazer o bem.

Folha - Quando o senhor era criança, acreditava em Papai Noel?
Majella -
Eu nasci em uma família verdadeiramente cristã em um tempo que não havia esta preocupação tão grande como existe hoje com o comércio. Havia sim propaganda do Natal, do Nosso Senhor, mas só.

Folha - Sua família ia à missa no Natal?
Majella -
Sempre, à meia-noite. Todo ano.

Folha - Se o senhor pudesse escolher apenas um presente hoje, qual seria?
Majella -
É muito difícil escolher. Graças a Deus eu tenho o necessário e conheço muita gente que não tem nem o que comer todos os dias por isso que não deu valor a esta troca de Natal. Não adianta fazer boa ação só no Natal, tem que fazer durante o ano todo. Eu pediria alimentos para todo mundo todo dia. Não adianta ter só no Natal.


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