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Presidente da CNBB critica "presentes por obrigação"
DA REPORTAGEM LOCAL
Dom Geraldo Majella, 72, o presidente da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, entidade máxima da Igreja Católica
no país) não gosta desta obrigação que as pessoas têm de trocar
presentes no Natal. Para ele, a festa foi transformada em um "momento de se fazer dinheiro" e perdeu seu significado inicial de ser
um período de reflexão.
Na infância de dom Geraldo
não havia Papai Noel. O importante era comemorar o nascimento de Jesus, conta nesta entrevista
à Folha.
(DT)
Folha - Qual o significado do Natal hoje?
Geraldo Majella - O Natal sempre significou uma festa de Cristo.
Mostra como o homem pode resolver seus problemas contra o
mal ouvindo a Sua palavra e seguindo o Seu caminho, que é um
caminho de esperança, de um
mundo novo. E este mundo não
depende da posse de bens materiais mas daquilo que é necessário
para o dia-a-dia e para a eternidade, como amor à verdade, à justiça, à fraternidade, à paz. O significado do Natal não mudou.
Folha - O significado continua o
mesmo, mas a festa mudou bastante. O senhor acha que ela está cada
ano mais consumista?
Majella - Sim, sem dúvida nenhuma. O Natal foi transformado
em um momento de se fazer dinheiro. Daí vem esta preocupação
da troca de presentes e as pessoas,
muitas vezes, se sentem obrigadas
a entrar nesta situação de troca.
Folha - Muitas crianças conhecem
antes o Papai Noel do que a história do nascimento de Jesus. Falta
educação religiosa nas famílias?
Majella - As famílias estão deixando, não só em matéria religiosa mas em matéria de educação
mesmo, tudo para os outros, para
a escola, quando toda educação
deve começar em casa. As crianças deveriam conhecer a história
até para valorizar aquilo que têm.
Muitas vezes, a criança hoje mesmo no meio de tanto presente
acaba não se realizando, não
aprender a dar valor e não fica estimulada a fazer o bem.
Folha - Quando o senhor era
criança, acreditava em Papai Noel?
Majella - Eu nasci em uma família verdadeiramente cristã em um
tempo que não havia esta preocupação tão grande como existe hoje com o comércio. Havia sim
propaganda do Natal, do Nosso
Senhor, mas só.
Folha - Sua família ia à missa no
Natal?
Majella - Sempre, à meia-noite.
Todo ano.
Folha - Se o senhor pudesse escolher apenas um presente hoje, qual
seria?
Majella - É muito difícil escolher.
Graças a Deus eu tenho o necessário e conheço muita gente que não
tem nem o que comer todos os
dias por isso que não deu valor a
esta troca de Natal. Não adianta
fazer boa ação só no Natal, tem
que fazer durante o ano todo. Eu
pediria alimentos para todo mundo todo dia. Não adianta ter só no
Natal.
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