São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 2005

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SAÚDE

Após reforma de 4 anos, unidade do Hospital das Clínicas de SP reabre em março com salas separadas por tipo de tratamento

Instituto de Psiquiatria mira especialização

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Após quatro anos em reforma, o Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo está na fase final das obras e tem a reabertura de todas as suas alas marcada para março de 2006. Juntamente com a restauração, foi idealizado um modelo de trabalho em que se privilegia a especialização das enfermarias em distintas patologias (doenças).
Isso significa que, por exemplo, pacientes com depressão não serão tratados no mesmo espaço em que são atendidas pessoas em estado de agitação psicótica. O conceito foi inspirado em hospitais norte-americanos e europeus. "É preciso especializar o manejo das necessidades dos pacientes e a própria equipe que os atende", afirma o diretor do IPq, Valentim Gentil Filho.
Para reformar o prédio de cinco andares e 13.500 m2, inaugurado em 1952, o governo do Estado gastou R$ 22 milhões nas obras e R$ 8 milhões para a aquisição de móveis e equipamentos.
Além desse montante, entidades privadas e pessoas físicas doaram cerca de R$ 700 mil para a reformulação da biblioteca do IPq e de seu anfiteatro, onde são ministradas aulas das faculdades de medicina e psiquiatria da USP. A previsão é que, com a conclusão dos trabalhos, o número de consultas chegue a 150 mil por ano -hoje são cerca de 70 mil ao ano.
Outra importante mudança é a duplicação do número de leitos -que passará dos atuais 104 para 210 após a reforma. O aumento contraria a política para saúde mental do governo federal, que propõe a redução das internações hospitalares em casos de transtornos psiquiátricos. O Movimento Antimanicomial faz fortes críticas ao maior número de leitos e ao orçamento da reforma.
"Não foram criados hospitais psiquiátricos modernos. Então, hoje, quando é necessário internar um paciente com um problema agudo, há uma fila de 400 pedidos de internação na rede pública", defende Gentil Filho.
O diretor do IPq comenta que a procura por tratamentos psiquiátricos de todos os níveis de gravidade vem aumentando bastante nos últimos tempos, com problemas como depressão ganhando espaço entre a população. "Há um tsunami de demanda reprimida. Não tenho dúvida que essa demanda dobrará futuramente."
Uma preocupação dos trabalhos de restauração -conduzidos pelo arquiteto Geraldo Serra, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo da USP- foi a parte estética. Em meio à atmosfera "clean" do novo IPq, setores do prédio são identificados com cores. O ambiente escuro e "frio" de antes era visto como opressor.
Junto à continuidade dos serviços especializados no IPq -que tratam de disfunções sexuais a distúrbios alimentares-, outro aspecto que deve ser reforçado na nova etapa do instituto é a investigação científica. Pesquisas que estudam o mecanismo dos jogadores compulsivos e o comportamento sexual de risco são algumas das áreas.


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