|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Após reforma de 4 anos, unidade do Hospital das Clínicas de SP reabre em março com salas separadas por tipo de tratamento
Instituto de Psiquiatria mira especialização
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Após quatro anos em reforma, o
Instituto de Psiquiatria (IPq) do
Hospital das Clínicas de São Paulo
está na fase final das obras e tem a
reabertura de todas as suas alas
marcada para março de 2006.
Juntamente com a restauração,
foi idealizado um modelo de trabalho em que se privilegia a especialização das enfermarias em
distintas patologias (doenças).
Isso significa que, por exemplo,
pacientes com depressão não serão tratados no mesmo espaço
em que são atendidas pessoas em
estado de agitação psicótica. O
conceito foi inspirado em hospitais norte-americanos e europeus.
"É preciso especializar o manejo
das necessidades dos pacientes e a
própria equipe que os atende",
afirma o diretor do IPq, Valentim
Gentil Filho.
Para reformar o prédio de cinco
andares e 13.500 m2, inaugurado
em 1952, o governo do Estado
gastou R$ 22 milhões nas obras e
R$ 8 milhões para a aquisição de
móveis e equipamentos.
Além desse montante, entidades privadas e pessoas físicas doaram cerca de R$ 700 mil para a reformulação da biblioteca do IPq e
de seu anfiteatro, onde são ministradas aulas das faculdades de
medicina e psiquiatria da USP. A
previsão é que, com a conclusão
dos trabalhos, o número de consultas chegue a 150 mil por ano
-hoje são cerca de 70 mil ao ano.
Outra importante mudança é a
duplicação do número de leitos
-que passará dos atuais 104 para
210 após a reforma. O aumento
contraria a política para saúde
mental do governo federal, que
propõe a redução das internações
hospitalares em casos de transtornos psiquiátricos. O Movimento
Antimanicomial faz fortes críticas
ao maior número de leitos e ao orçamento da reforma.
"Não foram criados hospitais
psiquiátricos modernos. Então,
hoje, quando é necessário internar um paciente com um problema agudo, há uma fila de 400 pedidos de internação na rede pública", defende Gentil Filho.
O diretor do IPq comenta que a
procura por tratamentos psiquiátricos de todos os níveis de gravidade vem aumentando bastante
nos últimos tempos, com problemas como depressão ganhando
espaço entre a população. "Há
um tsunami de demanda reprimida. Não tenho dúvida que essa
demanda dobrará futuramente."
Uma preocupação dos trabalhos de restauração -conduzidos pelo arquiteto Geraldo Serra,
coordenador do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo da USP- foi a
parte estética. Em meio à atmosfera "clean" do novo IPq, setores
do prédio são identificados com
cores. O ambiente escuro e "frio"
de antes era visto como opressor.
Junto à continuidade dos serviços especializados no IPq -que
tratam de disfunções sexuais a
distúrbios alimentares-, outro
aspecto que deve ser reforçado na
nova etapa do instituto é a investigação científica. Pesquisas que estudam o mecanismo dos jogadores compulsivos e o comportamento sexual de risco são algumas das áreas.
Texto Anterior: + Saudável - Nutrição: Chumbo em doces preocupa órgão dos EUA Próximo Texto: Conceito da reforma é visto com restrições Índice
|