Das 12 folgas nacionais, duas serão na terça e duas na quinta, dias que incentivam o prolongamento do fim de semana

Número de folgas com possibilidade de emendar mais dias é maior do que neste ano; setores da economia temem perdas

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

No pátio da faculdade, entre risos e piadas não muito patrióticas, o assunto é a descoberta do calendário: após um 2008 pouco pródigo em descanso, 2009 será o ano da folga, com 11 dos 12 feriados nacionais (incluídos os pontos facultativos) caindo em dias úteis. Isso sem contar os feriados estaduais e municipais -em São Paulo são mais quatro, três em dias úteis.
Daí a alegria dos três amigos.
"Vamos enforcar o Tiradentes para comemorar bem os jogos jurídicos", diz o estudante de direito Rafael Rodrigues, 25.
Tiradentes cairá em uma terça, dia ideal para "enforcar" o dia anterior ao feriado. E 2009 será ideal para isso. Das 12 folgas nacionais, duas serão na terça e duas na quinta, dias que incentivam o prolongamento do fim de semana. Há ainda quatro na segunda e duas na sexta.
Daí que todo mundo já pensa em começar a planejar as idas para o litoral nas pequenas viagens que fazem a glória de boa parte dos brasileiros. Como a estudante Camila Gervasoni, 21, que dividirá os feriados entre o fim de curso na faculdade e os dias de sol em São Sebastião (litoral norte de SP). "Porque até estudante merece o seu descanso", diz. E a boa nova da folga chegou cedo.
"Eu não posso dizer que fiquei triste quando recebi aquele e-mail com a tal "corrente" dos feriados", diz Camila. É que a folga será tamanha em 2009 que já circulam na internet cálculos miraculosos de gente criativa a respeito do ócio. Os prognósticos mais engraçados de enforcamentos mostram gente pensando em folgar mais de um terço do ano.

Turismo
Mas exageros e piadas à parte, a coincidência dos feriados em dias úteis preocupa setores da economia. Levantamento da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) prevê que, para cada dia parado em 2009, o Brasil deixará de produzir o equivalente a R$ 12,9 bilhões (ou R$ 155,6 bilhões no ano, cerca de 5% do PIB). Neste ano, as perdas diárias foram de R$ 1,3 bilhões.
Segundo o levantamento parte dos bons resultados econômicos deste ano se deve à menor quantidade de feriados em dias úteis em uma década, com apenas 8 de 12 folgas.
"O país cresce é com o número de horas trabalhadas. A indústria até pode compensar a perda aumentando a produtividade. Mas o comércio não pode", diz o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeu.
O setor de turismo comemora. "Neste ano, muitos turistas ficaram sem a opção e viajaram só no fim de semana", diz José Carlos de Souza, secretário-executivo do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte.
Com as folgas prolongadas, a região recebe turistas de destinos mais afastados, "gostos mais exigentes" e bolsos mais pródigos, em busca de hotéis para ficar ou casas para alugar.
"Mas o ano que vem, com esses feriados todos, vai ser bem melhor para a gente e vai ser melhor para quase todo mundo."


Próximo Texto: Foco: Compras de última hora incluem até presente de Natal para o cachorro
Índice