São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 2008 |
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Voluntários madrugam para ceia em abrigo
Em Blumenau, um dos locais mais afetados pela chuva, colaboradores chegaram às 4h para garantir Natal de desabrigados
PAULO SAMPAIO ENVIADO ESPECIAL A BLUMENAU (SC) A sala 11 do maior abrigo de Blumenau, o do colégio Vidal Ramos, com 230 pessoas, acomoda uma família de 29 pessoas. Na verdade, 28, se levada em conta a auxiliar Noreci de Deus, 25, que deixou os quatro filhos com o "marido infiel", o bananeiro João, e fugiu para passar o Natal com o amante. "Eu entendo a situação. Ele bebia, tinha um caso com outra, enquanto a Noreci precisava trabalhar e cuidar das crianças. Um dia ela fez o mesmo que ele. Não é todo mundo que agüenta", diz a irmã dele, Míriam, 22. Os voluntários do abrigo chegaram às 4h para preparar os 80 frangos, 40 kg de massa, 30 kg de farofa e pôr nas mesas de madeira os bolos, doces e balas. Na segunda, haverá ceia noutro lugar para famílias que perderam 82 casas, diz a engenheira civil Maria Teresa Mattana. Há 30 abrigos na cidade. Na ponta de uma mesa, as irmãs Noemi, 31, e Márcia Rodrigues, 28, comem com os filhos pequenos (três de uma, dois de outra), "que nunca tinham visto Papai Noel". "A gente sempre passa o Natal quebrado [sem dinheiro], os meninos nem sabiam o que era presente", diz Noemi, que, com a tragédia, perdeu o emprego de auxiliar de produção (R$ 415). A casa das duas "é de madeirite", tem acesso difícil e custou R$ 3.000. "Fica no pé de um morro assim ó. Tem de descer se agarrando nos arames da cerca. A primeira coisa que caiu foi o banheiro", conta Márcia, que é lavadeira (ganha R$ 600). Na porta do abrigo, há um homem que se diz desempregado tentando entrar para almoçar. Um soldado explica que ali é só para os flagelados das chuvas. "Em casos assim, a gente encaminha para os abrigos de moradores de rua", diz o secretário de Assistência Social da prefeitura, Mario Hildebrandt. O secretário conta que, em compensação, ainda há moradores que resistem a deixar casas ameaçadas de desabamento. "Fazemos um trabalho de convencimento e chamamos o conselho tutelar para retirar as crianças", diz. O déficit habitacional é de 5.000 casas. "Buscamos recursos para ajudar as famílias solidárias, que hospedam os flagelados, ou para alugar outras moradias para os que não tem onde ficar." Texto Anterior: Amigos montam confraria para aprender sobre bebida Próximo Texto: Aeroportos registram movimento intenso, mas com atrasos menores Índice |
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