|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dirigir à noite
se tornou uma aventura de rali
GABRIELA WOLTHERS
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DO RIO
No início da madrugada,
as luzes apagaram. O centro
do Rio de Janeiro e grande
parte da zona sul, o coração
da cidade, passaram a ser
iluminados apenas pelos faróis dos carros que tentavam
desviar dos enormes alagamentos que se formaram rapidamente nas principais
avenidas. Missão difícil, já
que a força do temporal era
tanta que mal dava para enxergar um palmo à frente.
Dezenas de carros ficaram
parados no meio das pistas
devido à pane que a água
provocava nos motores. No
bairro boêmio da Lapa, ladeiras se tornaram cascatas.
Em vários pontos, a água
chegava a cobrir o capô dos
veículos, formando ondas
no asfalto. Na avenida Barata Ribeiro, uma das principais de Copacabana, a cheia
ultrapassou um metro.
Apesar de ser madrugada,
o caos tomou conta do trânsito. Dirigir em plena Copacabana, um dos bairros mais
famosos do Rio, virou uma
aventura de rali aquático. Semáforos não funcionavam.
Motoristas eram obrigados a
desviar de carros e de ônibus
abandonados e de pedestres
que andavam no meio da
rua para fugir de bueiros
abertos. Pessoas tentavam
encontrar abrigo com água
na altura dos quadris.
Na zona sul, garagens localizadas no subsolo dos prédios ficaram alagadas. Era
possível ver a água sendo sugada para dentro dos pavimentos inferiores. No meio-fio, carros estacionados ficaram com a água na altura do
meio da porta. Veículos paravam nos túneis com medo
de seguir a viagem.
Motoristas de ônibus, carros, ambulâncias e veículos
de polícia tentavam adivinhar qual ponto das ruas estava mais raso para tentar
atravessá-las. Muitos não
conseguiam e largavam seus
carros. Ou permaneciam
dentro deles, atônitos, esperando, quem sabe, uma ajuda divina.
Texto Anterior: Clima: Temporal pára o Rio e deixa dois mortos Próximo Texto: No morro: No comando, mulheres trazem melhorias ao Salgueiro Índice
|