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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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Dirigir à noite se tornou uma aventura de rali

GABRIELA WOLTHERS
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DO RIO

No início da madrugada, as luzes apagaram. O centro do Rio de Janeiro e grande parte da zona sul, o coração da cidade, passaram a ser iluminados apenas pelos faróis dos carros que tentavam desviar dos enormes alagamentos que se formaram rapidamente nas principais avenidas. Missão difícil, já que a força do temporal era tanta que mal dava para enxergar um palmo à frente.
Dezenas de carros ficaram parados no meio das pistas devido à pane que a água provocava nos motores. No bairro boêmio da Lapa, ladeiras se tornaram cascatas. Em vários pontos, a água chegava a cobrir o capô dos veículos, formando ondas no asfalto. Na avenida Barata Ribeiro, uma das principais de Copacabana, a cheia ultrapassou um metro.
Apesar de ser madrugada, o caos tomou conta do trânsito. Dirigir em plena Copacabana, um dos bairros mais famosos do Rio, virou uma aventura de rali aquático. Semáforos não funcionavam. Motoristas eram obrigados a desviar de carros e de ônibus abandonados e de pedestres que andavam no meio da rua para fugir de bueiros abertos. Pessoas tentavam encontrar abrigo com água na altura dos quadris.
Na zona sul, garagens localizadas no subsolo dos prédios ficaram alagadas. Era possível ver a água sendo sugada para dentro dos pavimentos inferiores. No meio-fio, carros estacionados ficaram com a água na altura do meio da porta. Veículos paravam nos túneis com medo de seguir a viagem.
Motoristas de ônibus, carros, ambulâncias e veículos de polícia tentavam adivinhar qual ponto das ruas estava mais raso para tentar atravessá-las. Muitos não conseguiam e largavam seus carros. Ou permaneciam dentro deles, atônitos, esperando, quem sabe, uma ajuda divina.


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