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Para os organizadores, cerca de 2,5 milhões passaram pelo local durante todo o dia
Comemoração não teve tumultos; no fim de tarde, chuva afastou parte do público
Parada reúne 1 milhão de pessoas, diz PM
DA REPORTAGEM LOCAL
A avenida 23 de Maio era ontem
um retrato das diversas cidades
que existem na São Paulo dos 450
anos. A dos skatistas da periferia.
A capital da beleza. A metrópole
onde é possível encontrar comida
de todo o mundo. A cidade das filas e do caos ordenado.
A parada do aniversário começou por volta das 10h, como uma
festa de uma cidade do interior
-com poucos participantes-,
mas, à tarde, a Polícia Militar informou que 1 milhão de pessoas
passaram pela avenida. Para os
organizadores, porém, foram
mais de 2,5 milhões de pessoas.
O público superou, por exemplo, o da última Parada Gay, que
reuniu 800 mil pessoas em 2003.
No último Réveillon, a avenida
Paulista foi ocupada por 1,9 milhão. Não houve tumultos -mesmo as enormes filas para a Estação Boca Livre (de onde era possível falar pelo celular, por três minutos, para qualquer lugar do
Brasil) e para pegar brindes andavam com organização.
"Eu arrisco dizer que é a parada
mais organizada que já se fez no
Brasil", afirmou o fotógrafo Claudio Edinger, 51, que tirava fotos
para um livro sobre os 450 anos
da cidade. "A síntese de São Paulo
está expressa na avenida 23 de
Maio", disse Celso Marcondes,
presidente da comissão organizadora dos eventos e da Anhembi,
pouco antes de a parada sair, rumo ao vale do Anhangabaú.
E, realmente, praticar ioga clássica ao som da música "Anna Júlia" ou de rocks pesados e se alongar de calça jeans parece só ser
possível em São Paulo.
"São Pedro cumpriu o acordo
com São Paulo", disse ainda Marcondes, sobre o predomínio do
sol durante o evento. A chuva, porém, apareceu -e forte- no final do dia.
A prefeita Marta Suplicy (PT) e
a cantora Daniela Mercury chegaram às 16h30. "Viva São Paulo, a
maior cidade do Brasil", gritou
Marta do trio elétrico principal.
"Viva a locomotiva do Brasil." A
baiana Mercury cantarolou o hino dos 450 anos, composto pelo
carioca Zé Rodrix, e depois um de
seus sucessos, "Canto da Cidade".
Ao lado do ministro da Casa Civil, José Dirceu, Marta fez questão
de chamar a atenção do público
para uma faixa de catadores de lixo de uma cooperativa, que fazia
referência à sua principal bandeira de campanha, os CEUs (Centros Educacionais Unificados).
"Há 50 anos eu estava no vale do
Anhangabaú, vendo o desfile",
disse Geraldo de Nicolai, 67. Ele
foi um dos primeiros a encostar
no palco principal, na altura da
saída da r. Vergueiro. Depois,
dançou de rosto colado com a namorada, Vilma Sebenstyen, 64.
Poucos participantes acompanharam a banda do Exército, que
abriu o evento no palco, tocando
o Hino Nacional e os hinos da cidade. "Sampa", de Caetano Veloso, mais uma vez foi executada.
O palco principal exibiu as danças de mais de 15 países e comunidades que têm colônias em São
Paulo, além do afoxé de um grupo
de mulheres. O evento custou R$
4 milhões, sendo R$ 2,5 milhões
pagos pela Vivo e o restante por
vários organizadores.
Durante a parada, o público se
concentrou nas duas pistas da
avenida, entre o Centro Cultural e
o viaduto Tutóia. Famílias inteiras
caminhavam pela avenida, com
cachorros, carrinhos de bebê. Nas
mãos, muitos carregavam câmeras fotográficas e filmadoras.
Do lado direito, no sentido
Anhangabaú, concentravam-se
os 31 trios elétricos. Neles, 93 bandas tocaram de tudo.
Do outro lado, nas 12 Estações
Vivas, cerca de mil pessoas cortaram o cabelo, 300 se maquiaram e
200 fizeram tatuagens de hena
gratuitamente; mais de 2.000 pessoas fizeram ioga, massagem, e
aulas de dança e alongamento;
quase 60 mil cartões-postais foram enviados; mais de 6.000 pessoas ligaram de 32 celulares; 720
caricaturas foram feitas, e 3.500
gibis foram distribuídos.
Mais de mil PMs acompanharam o evento, mas apenas um
roubo de carteira foi registrado.
Quando a parada saiu da avenida, ficaram para trás milhares de
papéis picados -300 quilos de
pequenos quadrados com a história dos bairros e de lugares da cidade foram jogados no local. Havia também mensagens esperançosas para o paulistanos, como a
da escritora Cecília Meireles: "A
vida só é possível reinventada".
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