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No Rio, 7 jovens são achados mortos dentro de um carro
Torturados e assassinados a tiros, eles foram deixados no complexo da Maré; ao menos 4 tinham menos de 18 anos
Polícia investiga se eles foram vítimas de guerra entre traficantes de facções rivais; parentes negam envolvimento com o tráfico
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Sete pessoas foram encontradas mortas ontem de manhã
em Del Castilho (zona norte do
Rio). Os corpos, parte deles esquartejados e com marcas de tiros, estavam em um Fiat Siena
prata. Pelo menos cinco eram
de moradores da favela Vila do
João, no complexo da Maré
(zona norte), e ao menos quatro tinham menos de 18 anos.
Uma das suspeitas da Polícia
Civil é que sejam vítimas de
uma guerra entre traficantes da
Vila do João, controlada pela
facção criminosa ADA (Amigo
dos Amigos), e do morro do
Adeus (em Bonsucesso, na zona norte), dominado pelo TCP
(Terceiro Comando Puro).
A polícia, no entanto, ainda
não fez averiguação para saber
se tinham ficha criminal. Familiares negam o envolvimento
deles com traficantes.
Segundo policiais da 21ª Delegacia (Bonsucesso), a irmã de
um dos mortos -Maurício
Costa Andrade, 17- disse que
ele e outros colegas foram seqüestrados na tarde de anteontem, nas proximidades do morro do Adeus. Estavam em uma
Kombi e iam jogar futebol.
Em seu depoimento, ela disse que um amigo de Maurício
conseguiu fugir e lhe contou o
que ocorrera. Ele não foi encontrado. O rapaz lhe disse que
a Kombi foi parada em Bonsucesso por homens que perguntaram onde os jovens moravam. Ao afirmarem que viviam
na Vila do João, foram retirados do veículo, espancados e levados para o alto do morro.
Estrada
Por volta das 9h, os sete corpos foram achados na estrada
Ademar Bebiano. Três estavam
decapitados e dois sem as pernas. Além de Maurício, outros
quatro foram identificados: Rodrigo Salme Santiago Barros,
17, Jaime Klecius Ferreira de
Lima, 18, André Luiz dos Santos, 16, e Flaviano Felipe da
Conceição, 14.
O titular da 21ª Delegacia, Aldanir Viana, disse que os traficantes da Vila do João estão
tentando há tempos retomar o
morro do Adeus, que era controlado pela ADA e há menos de
dois anos passou a ser do TCP.
O Adeus foi reduto de um dos
fundadores da ADA, Ernaldo
Pinto de Medeiros, o Uê, morto
em 2002 numa rebelião no presídio Bangu 1 (zona oeste) organizada pelo rival, Luiz Fernando da Costa, o Beira-Mar.
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