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Gestão Lembo ampliou concessão de rodovias
Empresas que administram estradas alegaram prejuízos de R$ 100 milhões e ganharam até 8 anos e 8 meses a mais de contrato
Para especialista, a ampla possibilidade de prorrogar as concessões é uma das distorções dos contratos feitos no Estado de SP
MARCELO TOLEDO
JORGE SOUFEN JR
DA FOLHA RIBEIRÃO
Em dezembro, nos últimos
dias da gestão Cláudio Lembo
(PFL), o governo paulista prorrogou os contratos de 10 das 12
concessionárias de rodovias.
Os contratos foram estendidos em até oito anos e oito meses, como é o caso da AutoBAn,
que atua nas rodovias Anhangüera e Bandeirantes. A concessão prevista para acabar em
2018 terminará só em 2026.
O menor alongamento de
contrato foi o da Centrovias,
que gere a Washington Luís. A
concessão foi prorrogada por
um ano (de 2018 para 2019).
As empresas foram beneficiadas sob o argumento de que
tiveram, desde o início dos contratos prejuízos de R$ 100 milhões com as rodovias pedagiadas. Alegam que foram obrigadas a arcar com despesas não
previstas nos contratos do programa de concessões lançado
por Mário Covas, em 1998.
Citam o ISS (Imposto Sobre
Serviços), que, a partir de 2000,
mediante mudanças nas leis
municipais, passou a ser cobrado por cidades nas quais foram
implantadas pedágios
E o Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), cujo peso teria aumentado significativamente
em 2004 com a entrada em vigor da medida provisória 135,
assinada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que mudou a fórmula de cálculo.
Serra
A Folha não conseguiu ontem contato com o governador
José Serra (PSDB) a fim de saber sua posição a respeito do
alongamento dos contratos.
Já o ex-governador Cláudio
Lembo (PFL) disse que não
acompanhou as discussões.
"Quem fez esses contratos foi a
Artesp [Agência Reguladora de
Transporte do Estado de SP].
Não consigo dizer a você a natureza, o conteúdo dos contratos, pois não participei."
O secretário de Estado dos
Transportes à época, Dario
Rais Lopes, foi quem acompanhou e autorizou as prorrogações de contratos -ele não foi
encontrado ontem pela Folha.
Para Alvaro Martim Guedes,
coordenador do curso de administração pública da Unesp, a
ampla possibilidade de prorrogação das concessões é uma das
distorções dos contratos.
"O contrato não está bem
acertado e abre possibilidades
para distorções. O problema
não é se você abre a concessão
ou não, é como faz esse contrato", disse Guedes. "É preciso fazer concessões, mas com uma
base contratual sólida."
Colaborou JOSÉ BENEDITO DA SILVA , editor-assistente da Folha Ribeirão
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