|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAOS NO RIO
Grampo de celulares feito pela polícia mostra que líderes do Comando Vermelho, presos em Bangu, ordenaram ações
Da prisão, traficantes orientaram atentados
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Gravações feitas com autorização judicial pela Coordenadoria
de Inteligência da Polícia Civil do
Rio captaram na segunda-feira
conversas em que detentos dos
presídios Bangu 3 e 4 transmitiam
a traficantes em liberdade, via telefone celular, instruções para as
ações violentas que trouxeram
pânico à capital e a mais cinco cidades do Grande Rio naquele dia
e ontem.
A diretora da coordenadoria,
inspetora Marina Maggessi, disse
à Folha que os presos monitorados disseram aos cúmplices soltos
que seguiam ordens de líderes da
facção criminosa CV (Comando
Vermelho) presos em Bangu 1.
A informação reforça as suspeitas de que as ações foram orquestradas pelo CV. Anteontem, um
panfleto distribuído em vários
pontos do Rio reivindicava para a
organização a autoria dos ataques
incendiários a ônibus, ameaças a
comerciantes, saques a mercados
e atentados com bombas de fabricação caseira.
Nas gravações, segundo Maggessi, os detentos citaram como
mandantes Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, Isaías da Costa Rodrigues, o Isaías do Borel, Marcus Vinícius da Silva, o Lambari, e Marcos Antônio da Silva Tavares, o
Marquinhos Niterói.
Os nomes dos presos que tiveram as conversas gravadas não foram revelados, sob a alegação de
que isso poderia atrapalhar as investigações.
Segundo a diretora da coordenadoria de inteligência, os traficantes Jorge Alexandre Cândido
Maia, o Sombra (Vila Kennedy,
zona oeste), Cássio Monteiro
(Mangueira, zona norte), Jurandir Dias do Nascimento, o Caju
(Pavão-Pavãozinho, zona sul), e
Luiz Cláudio da Rocha Melo, o
Berola (Barreira do Vasco, zona
norte), foram os principais articuladores das ações fora do presídio.
As gravações feitas pelo Cinpol
indicam que telefones celulares
continuam entrando no complexo penitenciário de Bangu, apesar
de recentes operações no local relatadas pelo Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário)
e pela PM (Polícia Militar).
Repressão ao celular
De acordo com as autoridades,
essas vistorias teriam resultado na
apreensão de dezenas de aparelhos. Na última revista, feita na semana passada, foram apreendidos 57 celulares nos 15 presídios
do complexo, revela o Desipe.
Procurado pela Folha, o secretário estadual de Administração
Penitenciária, Astério Pereira dos
Santos, informou que novas operações serão feitas nesta semana.
A polícia do Rio trabalha com
várias hipóteses para identificar
as motivações dos atentados dos
últimos dois dias.
Ontem, a Secretaria Estadual de
Segurança Pública informou que
está sendo investigada pelo serviço de inteligência a informação de
que um parente de Fernandinho
Beira-Mar teria sido sequestrado
por uma quadrilha que teria a
participação de policiais. O suposto sequestro, segundo a polícia, poderia ter levado Beira-Mar
a ordenar as ações violentas.
Outra hipótese levantada pelo
governo do Estado é que os traficantes estariam revoltados com o
tratamento que estão recebendo
nas unidades prisionais.
O delegado titular da Delegacia
de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, Milton Olivier,
abriu inquérito para apurar a autoria dos atentados. O delegado
afirmou que vai pedir ao Desipe a
lista dos advogados e visitantes
dos presos de Bangu 1 para descobrir se o panfleto supostamente
assinado pelo CV saiu de lá.
Colaborou TALITA FIGUEIREDO, da Sucursal do Rio
Texto Anterior: Aids: Santos dobra número de camisinhas no Carnaval Próximo Texto: Tráfico faz 2º dia de ações violentas Índice
|