Vítimas foram assassinadas com 11 disparos de pistola feitos por quatro homens não identificados que estavam em dois carros

Polícia investiga ligação com tráfico ou ação de policiais nas mortes; 33 pessoas já morreram em chacinas neste ano em SP

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Três homens foram mortos a tiros anteontem à noite no Jardim Monte Cristo, periferia de Suzano (Grande São Paulo), na nona chacina deste ano no Estado. Testemunhas disseram à Polícia Civil que quatro homens não identificados e armados mataram as vítimas, que não reagiram, com 11 disparos, a maioria deles na cabeça. Nenhum suspeito foi preso.
Na investigação, a principal hipótese é o envolvimento de uma das vítimas com o tráfico de drogas. A delegada Vânia Penezi Ahnad Bakr afirmou, no entanto, que irá apurar também se policiais civis ou militares envolvidos em grupos de extermínio tiveram participação no triplo assassinato.
Informações preliminares obtidas pelos investigadores com moradores do bairro sugerem que o mecânico Antonio de Lima Oliveira, 45, o Toninho Gordo, foi morto por conta da disputa de um ponto-de-venda de drogas. Além de Toninho Gordo, que tinha esse apelido pelo fato de pesar 200 quilos, morreram o pedreiro José Cristiano Bezerra de Gouveia, 26, e o ajudante Cosmo Francisco da Silva, 27.
Na versão da polícia, os três amigos conversavam às 23h de domingo na esquina das ruas do Brilhante com a Esmeralda.
Ainda de acordo com o relato de testemunhas aos policiais, quatro homens armados se aproximaram em dois carros e atiraram contra as vítimas.
Apesar de a polícia suspeitar que Toninho Gordo traficasse drogas no Jardim Monte Cristo, vizinhos negaram isso à Folha. Sob a condição de se manter no anonimato, cinco deles negaram que a vítima usasse ou vendesse drogas.
Um desses vizinhos afirmou ainda que, sete horas antes da chacina, quatro homens usando bonés foram até a frente da casa de Toninho Gordo e o agrediram com pisões no pé.
Segundo esse vizinho, Toninho lhe contou que os homens eram policiais. Disse que foi agredido por ter cumprido pena por homicídio e porte ilegal de arma e que eles não queriam vê-lo fora de sua residência após as 22h. O vizinho não soube informar, no entanto, se os supostos policiais que teriam agredido Toninho Gordo seriam civis ou militares.
A delegada Vânia Bakr declarou que não tinha conhecimento de informações de que Toninho Gordo tivesse sofrido algum tipo de agressão horas antes do crime.
"Em princípio, a polícia não descarta nenhuma hipótese, mas vai investigar se houve a participação de PMs ou policiais civis", disse a delegada.
Ela confirmou que Toninho Gordo já havia sido preso por assassinato e por andar armado. A perícia técnica da Polícia Civil encontrou 11 projéteis de pistola. A Folha foi à residência das vítimas, mas não encontrou ninguém.
A última chacina em Suzano foi em 28 de novembro de 2006, quando quatro pessoas morreram baleadas. A maior chacina deste ano, no entanto, foi no dia 17 de janeiro, com sete mortos na zona norte de São Paulo. PMs do 18º Batalhão são suspeitos desse crime e investigados pela morte do coronel José Hermínio Rodrigues, 48, no último dia 16 de janeiro.
No ano, 33 pessoas já morreram em chacinas no Estado.


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