|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Calouro de direito que atropelou frentista diz que bebeu em trote
Jovem afirmou que foi incentivado a beber por veteranos, sem citar nomes
JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O estudante Caio Meneghetti Fleury Lombardi, 19, que
atropelou um frentista após invadir um posto de combustíveis em Ribeirão Preto (314 km
de São Paulo), disse ontem que,
no dia do acidente, foi estimulado a beber em trote do curso
de direito da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto).
Calouro do curso, ele disse
que ficou nas ruas fazendo "pedágio", sob a supervisão de veteranos. A afirmação foi feita
em depoimento ao delegado
Luiz Geraldo Dias -Lombardi
estava acompanhado do seu advogado, Said Issa Halak, e da
mãe, Alexandra Meneghetti.
Lombardi disse ainda que,
por volta das 22h do dia 11,
quando houve o acidente, foi levar três veteranos para casa e o
último deles o ensinou a voltar
para Franca, cidade onde mora.
O estudante disse ao delegado
que, no trajeto, "apagou" antes
de atravessar uma avenida -o
posto onde ocorreu o acidente
fica na avenida Independência.
"Ele falou que passou mal
porque não estava acostumado
a ingerir bebida alcoólica e que,
em determinado momento,
perdeu a consciência, acordou
logo após o acidente e se assustou com o que viu", disse Dias.
Laudo do Instituto de Criminalística apontou que o estudante estava embriagado. No
sangue dele havia 0,85 g de álcool por litro, quando o tolerado é até 0,60 g (cerca de 2 latinhas de cerveja). Ele disse também que os seis frascos de lança-perfume, um deles vazio,
achados no carro foram deixados pelos veteranos -ele, porém, não deu nomes. Laudo toxicológico, que deverá ser divulgado hoje pela polícia, vai
apontar se ele usou a droga.
O relato do estudante não
convenceu o delegado. "As imagens de TV mostram outras cenas e, por isso, vamos indiciá-lo
sob a acusação de tentativa de
homicídio", disse. Lombardi
ainda foi indiciado sob as acusações de tráfico de drogas e colocar em risco a vida de outros.
O frentista Carlos Pereira
Silva, 37, que teve traumatismo
craniano, fraturas e queimaduras e ficou quatro dias respirando por aparelhos, melhorou,
deixou o CTI (Centro de Terapia Intensiva) na semana passada e agora se recupera no
Hospital das Clínicas.
Estudantes veteranos do curso de direito da Unaerp ouvidos
ontem pela reportagem se disseram surpresos com as alegações feitas por Lombardi durante o seu depoimento. Para
eles, nenhum calouro foi obrigado a participar dos trotes.
A Unaerp informou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que não foi notificada
oficialmente sobre o depoimento de Lombardi e que, por
isso, não iria fazer comentários.
Texto Anterior: 3 homens são mortos em Suzano na 9ª chacina do ano em SP Próximo Texto: Participou do trote quem quis, dizem veteranos Índice
|