São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

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Calouro de direito que atropelou frentista diz que bebeu em trote

Jovem afirmou que foi incentivado a beber por veteranos, sem citar nomes

JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO

O estudante Caio Meneghetti Fleury Lombardi, 19, que atropelou um frentista após invadir um posto de combustíveis em Ribeirão Preto (314 km de São Paulo), disse ontem que, no dia do acidente, foi estimulado a beber em trote do curso de direito da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto).
Calouro do curso, ele disse que ficou nas ruas fazendo "pedágio", sob a supervisão de veteranos. A afirmação foi feita em depoimento ao delegado Luiz Geraldo Dias -Lombardi estava acompanhado do seu advogado, Said Issa Halak, e da mãe, Alexandra Meneghetti.
Lombardi disse ainda que, por volta das 22h do dia 11, quando houve o acidente, foi levar três veteranos para casa e o último deles o ensinou a voltar para Franca, cidade onde mora. O estudante disse ao delegado que, no trajeto, "apagou" antes de atravessar uma avenida -o posto onde ocorreu o acidente fica na avenida Independência.
"Ele falou que passou mal porque não estava acostumado a ingerir bebida alcoólica e que, em determinado momento, perdeu a consciência, acordou logo após o acidente e se assustou com o que viu", disse Dias.
Laudo do Instituto de Criminalística apontou que o estudante estava embriagado. No sangue dele havia 0,85 g de álcool por litro, quando o tolerado é até 0,60 g (cerca de 2 latinhas de cerveja). Ele disse também que os seis frascos de lança-perfume, um deles vazio, achados no carro foram deixados pelos veteranos -ele, porém, não deu nomes. Laudo toxicológico, que deverá ser divulgado hoje pela polícia, vai apontar se ele usou a droga.
O relato do estudante não convenceu o delegado. "As imagens de TV mostram outras cenas e, por isso, vamos indiciá-lo sob a acusação de tentativa de homicídio", disse. Lombardi ainda foi indiciado sob as acusações de tráfico de drogas e colocar em risco a vida de outros.
O frentista Carlos Pereira Silva, 37, que teve traumatismo craniano, fraturas e queimaduras e ficou quatro dias respirando por aparelhos, melhorou, deixou o CTI (Centro de Terapia Intensiva) na semana passada e agora se recupera no Hospital das Clínicas.
Estudantes veteranos do curso de direito da Unaerp ouvidos ontem pela reportagem se disseram surpresos com as alegações feitas por Lombardi durante o seu depoimento. Para eles, nenhum calouro foi obrigado a participar dos trotes.
A Unaerp informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não foi notificada oficialmente sobre o depoimento de Lombardi e que, por isso, não iria fazer comentários.


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