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Estudo aponta que antidepressivos têm baixa eficácia
Análise de dados não-divulgados por laboratórios sugere que remédios como o Prozac aliviam poucos pacientes
Resultados mostraram que as drogas só serviram nos pacientes gravemente deprimidos; fabricantes contestam a pesquisa
JEREMY LAURANCE
DO "INDEPENDENT"
Eles estão entre as drogas
mais vendidas de todos os tempos -são "pílulas da felicidade", que supostamente levantam o ânimo daqueles que sofrem de depressão-, mas um
dos maiores estudos sobre os
antidepressivos modernos
concluiu que eles não têm efeito clínico significativo.
O achado deve abalar médicos e pacientes e levanta questões sérias sobre a regulamentação das empresas farmacêuticas multinacionais, que foram
acusadas ontem de esconder
dados sobre essas drogas.
A popularidade da atual geração de antidepressivos, conhecidos como inibidores seletivos
de recaptação de serotonina
-entre os quais estão algumas
das drogas mais vendidas do
mundo, como o Prozac e o Serotax- decolou depois de seu
lançamento, nos anos 1980.
Eles foram pesadamente
promovidos como medicamentos mais seguros e com menos
efeitos colaterais do que os velhos antidepressivos tricíclicos.
No novo estudo, cientistas
conduziram uma metaanálise
de 47 testes clínicos de medicamentos, publicados e não-publicados, submetidos à FDA
(agência que regulamenta
drogas e alimentos nos Estados
Unidos), feitos para subsidiar
pedidos de licença para seis
dos principais antidepressivos,
incluindo o Prozac, o Serotax e
o Efexor.
Os resultados mostraram
que as drogas só serviram em
um grupo pequeno de pacientes, os gravemente deprimidos.
Irving Kirsch, da Universidade de Hull, que liderou o estudo, publicado on-line na revista
"PLoS Medicine", afirma que
os dados submetidos à FDA teriam passado ainda por autoridades de saúde da Europa.
Eles mostraram que os medicamentos produzem melhora
"muito pequena" em comparação com placebo: só 2 dos 51
pontos da escala de depressão
de Hamilton.
Isso bastou para que a licença
fosse concedida, mas ficou
aquém do mínimo de três pontos requeridos pelo Instituto
Nacional de Excelência Clínica
do Reino Unido para estabelecer "significância clínica".
Mesmo assim, o instituto
aprovou as drogas para uso
no Reino Unido porque apenas
teve acesso aos testes publicados, que mostravam um efeito
maior dos medicamentos.
"Diante desses resultados,
parece haver pouca razão para
prescrever antidepressivos a
quaisquer pacientes, exceto os
mais deprimidos, a menos que
tratamentos alternativos tenham falhado", disse o líder do
estudo. Segundo ele, as farmacêuticas seguraram dados disponíveis a autoridades de saúde, de modo que médicos e pacientes não entendiam a verdadeira eficácia das drogas.
Outro lado
A GlaxoSmithKline, fabricante do Serotax, disse que os
autores do estudo "falharam
em reconhecer" os benefícios
dos antidepressivos e suas conclusões "conflitam com a prática clínica". A Eli Lilly, que fabrica o Prozac, declarou em nota:
"Experiências médicas e científicas extensas demonstraram
que a fluoxetina é um antidepressivo eficaz". A Wyeth, que
faz o Efexor, diz que reconhece
"a necessidade de tratamentos
farmacológicos e não-farmacológicos para a depressão".
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