São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

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Disputa entre tráfico e milícia causa mortes e limitação de serviços em favela carioca

MÁRCIA BRASIL
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A disputa entre integrantes de milícia -paramilitares que cobram por suposta segurança- e traficantes pelo controle da área de atuação na favela da Vila Palmeirinha, em Guadalupe, zona norte do Rio, causa, além de mortes brutais, restrição de serviços básicos aos habitantes do local.
Moradores informaram que os milicianos queriam cobrar de R$ 10 a R$ 50, por mês, para garantir sua segurança e de comerciantes locais.
"Os "inadimplentes" ficavam sem receber correspondência, sem poder receber visitas e até mesmo sem receber socorro médico", disse o delegado Ricardo Teixeira, da 40ª DP.
De acordo com o delegado da Draco (Delegacia de Repressão às Ações de Crime Organizado), Cláudio Ferraz, 14 pessoas foram identificadas na milícia que controlava a favela. No entanto, outros grupos auxiliam no caso de invasões e contenção aos ataques de traficantes.
"Às vezes um grupo atua em outro grupo quando há invasão. Detectamos ainda locação de armas. A coisa é muito promíscua", definiu Ferraz. "O modo de operação deles diferencia muito pouco dos traficantes."
Ferraz diferenciou dois "tipos" de milícia: as que são formadas por policiais que moram na própria comunidade e aquelas de não-moradores.

Mortes
A Polícia Civil identificou como Marcelo Gregório Siqueira da Silva, 37, um dos dois corpos encontrados carbonizados dentro de um Peugeot prata, domingo, na avenida Brasil, próximo à Vila Palmeirinha.
Segundo o delegado Ricardo Teixeira, que investiga o crime, Marcelo é irmão de Marco Gregório Siqueira da Silva, um dos policiais militares presos sexta-feira em operação da Draco acusado de chefiar uma milícia.
O outro corpo encontrado dentro do Peugeot seria da vendedora Josefa Nascimento da Silva, 27, moradora do local e namorada de Marcelo.
O casal teria sido seqüestrado na madrugada de domingo durante invasão de um grupo de 30 traficantes na localidade.
A investida dos traficantes na Vila Palmeirinha aconteceu dois dias depois de uma operação da Draco no local, que resultou na prisão de quatro chefes da milícia que comandavam a região.


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