São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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MÁFIA DOS FISCAIS
Disputa para definir qual vereador vai pedir investigação adia pedido para apurar corrupção nas regionais
Nova CPI causa racha na bancada de oposição

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Publicitários fazem manifestos na Câmara Municipal de SP pedindo CPI para apurar irregularidades nas administrações regionais


JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

A possibilidade de os vereadores de oposição na Câmara apresentarem uma nova proposta de CPI para investigar as denúncias de corrupção nas regionais provocou uma racha na bancada.
É uma disputa, segundo aFolha apurou, entre os parlamentares de PSDB e PT sobre quem vai lucrar com os benefícios políticos de apresentar uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Por causa do racha e da indefinição sobre quem vai apresentar a proposta -o regimento da Câmara prevê que o autor do pedido ocupa o cargo de presidente da investigação-, a oposição deixou de protocolar ontem na Câmara um novo pedido de apuração.
O racha acontece em um momento em que a oposição defende a investigação rápida das denúncias e nega acusação de governistas de que a proposta foi transformada em "CPI eleitoral".
Oficialmente, vereadores do PSDB e PT negam o racha.
"Não acredito nisso. O que houve hoje (ontem) foi o esvaziamento da sessão", disse o vereador Dalton Silvano (PSDB).
Pelo regimento interno da Câmara, o PT poderia apresentar a proposta. O pedido poderia ser avaliado a partir da sessão da próxima terça-feira.
Apesar de alegar que a sessão estava vazia (36 dos 55 vereadores registraram presença), Silvano protocolou ontem um requerimento para pedir a criação de uma CPI para investigar a "origem e composição da dívida" da Prefeitura de São Paulo.
O vereador José Eduardo Cardozo (PT), autor do pedido de CPI das regionais que foi vetado na última terça-feira, também nega que a oposição tenha rachado.
"Estamos discutindo como apresentar um novo pedido, pois o regimento da Câmara proíbe a apresentação de requerimentos idênticos ao de uma CPI já vetada."
A afirmação contraria declaração dada pelo presidente da Câmara, Armando Mellão (PPB).
Com o cargo que tem, Mellão poderia até barrar um novo pedido por haver proibição de fazer a mesma proposta de CPI duas vezes. Mas ele já declarou que não o fará.
De acordo com o vereador Carlos Neder (PT), o impasse na definição do nome do vereador que vai propor a nova CPI ocorre devido à possibilidade de a oposição conquistar votos favoráveis à CPI.
"Se argumentam que a CPI foi rejeita por ser do PT, podemos apresentá-la pelo PSDB", disse.

Situação
O vereador Brasil Vita (PPB) também deixou de pedir que sua proposta de CPI para investigar as regionais fosse colocada em votação. Ele foi um dos 29 vereadores que votaram contra a proposta, já rejeitada, do PT.


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