São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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SAÚDE
ONU lança em Brasília campanha mundial de prevenção à doença, dirigida ao público com menos de 25 anos
Governo quer manter programa anti-Aids

da Sucursal de Brasília

O governo federal anunciou ontem que vai manter, apesar das dificuldades econômicas, o programa de distribuição gratuita de medicamentos anti-Aids e cobrou a cooperação da comunidade internacional para baixar os custos dos remédios.
"Custe o que custar, nós continuaremos a fazer o programa. O governo tem a sensibilidade e o compromisso fortes para saber da importância de certos programas e para evitar que os ajustes necessários tenham como consequência a diminuição da possibilidade de atendimento", afirmou FHC.
Ontem, no Palácio do Planalto, com a presença do presidente, a ONU (Organização das Nações Unidas) lançou a campanha mundial de luta contra Aids deste ano, chamada "Escute, aprenda, viva!" e dirigida aos jovens.
Na ocasião, o ministro José Serra (Saúde) se disse preocupado com os custos dos medicamentos e afirmou que a ONU deve enfrentar esse problema.
Segundo o ministro, faltam estudos e cooperação internacional sobre o tema. Serra afirmou que o Bird (Banco Mundial) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) não têm dado importância à redução dos preços de insumos para a saúde.
"Não por coincidência ambos têm em seus seios interesses econômicos de países que produzem os medicamentos", disse.
Peter Piot, diretor-executivo do Unaids (Programa das Nações Unidas para Aids), afirmou que está negociando com as indústrias farmacêuticas a redução dos preços de medicamentos.
Segundo ele, o Brasil foi escolhido para o lançamento da campanha mundial porque "é um dos países que faz um dos melhores trabalhos (na prevenção e tratamento da Aids)".
Dados da Unaids mostram que mais da metade das pessoas infectadas contraíram o vírus HIV com menos de 25 anos. Na América Latina e no Caribe, 1,3 milhão de adultos e crianças viviam com HIV no fim do ano passado.
De acordo com o órgão, há estimados 8,2 milhões de crianças no mundo que ficaram órfãs em 97 devido à Aids. No ano passado, 590 mil menores de 15 anos foram infectados pelo HIV, segundo a Unaids, e 2,5 milhões de jovens entre 15 e 24 anos contraíram o vírus.
O ministro Serra afirmou que o Brasil gastará US$ 300 milhões em quatro anos com prevenção à Aids. "A estratégia é concentrar o foco na juventude. Basicamente, em educação sexual."
Ontem, também foram lançados os filmes publicitários institucionais dirigidos aos jovens.
O ministro da Saúde afirmou que no ano passado o Brasil gastou R$ 400 milhões com medicamentos anti-Aids. Neste ano, a previsão é de R$ 600 milhões.


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