São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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Álcool e drogas ampliam risco

da Sucursal de Brasília

As campanhas de prevenção à Aids vão ter mais uma preocupação ao escolher seu público-alvo: incluir pessoas que abusam do álcool e de drogas -mesmo as não-injetáveis.
Pesquisa feita pelo Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostra que o consumo de álcool é uma das principais causas da não-utilização de preservativo.
A conclusão corrobora estudos da faculdade de medicina da Universidade de Wright State, em Ohio, EUA.
De acordo com a pesquisa americana, 63% dos 366 adultos entrevistados não usam preservativos quando fazem sexo sob efeito do álcool.
Os estudos brasileiros apontam que, de 1.056 pacientes com idade média de 26 anos, 60% não praticam sexo seguro e culpam o álcool.
"Nesse grupo, 38% nunca usaram droga injetável", diz Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Proad.
O uso de drogas, mesmo as não-injetáveis, também pode facilitar a transmissão do HIV.
A conclusão é do Nepad (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
O trabalho foi desenvolvido entre 93 e 97, com 1.544 usuários de cocaína moradores de favelas cariocas.
Foram aplicados testes para detectar a presença do HIV em 1.369 desses usuários, sendo que 1.223 deles apenas inalavam a droga e 146 a injetavam.
Dos que usavam a cocaína injetável, 15% tiveram testes positivos para o HIV. No grupo dos que só inalavam a droga, 7% eram soropositivos.
"O que me assustou mais foi o fato de haver 7% de infectados entre 1.223 pessoas que não usam seringa. Se o resultado for comparado à taxa por mil habitantes, vemos que a proporção entre quem cheira cocaína é maior", diz Paulo Telles, coordenador do trabalho.
O percentual de 7% equivale a 85 soropositivos entre 1.223 usuários de droga. A incidência na população geral no Brasil, é de 100,5 casos por 100 mil habitantes. A pesquisa constatou que 21% dos usuários de cocaína de modo não-injetável já haviam feito sexo para conseguir dinheiro ou a droga.


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