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Só capacidade não
assegura o sucesso
da Reportagem Local
As histórias de adultos superdotados ou talentosos que nasceram
em famílias pobres ou desestruturadas mostram que o limite entre
o sucesso e o fracasso, apesar da
inteligência acima da média, é
sempre muito tênue.
O ilustrador Paulo Palladino,
30, conta que, por muito pouco,
não chegou a morar na rua. "Eu
sai de casa brigado com minha família e vivi quase três anos da minha vida morando de favor na casa de amigos", diz Palladino.
Nesse período, em que enfrentou várias crises de depressão, ele
chegou a pensar que iria morar na
rua. "Sei que parece paranóia,
mas eu estava tão sem perspectiva
para o futuro que cheguei a conversar com mendigos e meninos
de rua para saber como eles sobreviviam", afirma.
Ele conta que fazia isso porque
achava que iria acabar na mesma
situação dos indigentes.
Palladino só foi descobrir que
era superdotado quando fez um
teste na Associação Brasileira para Superdotados, aos 17 anos.
A história de Gabriel Augusto
Correia da Conceição é inversa.
Ele praticamente nasceu na rua,
em Niterói (RJ), e, só depois de
descobrir que é autodidata em
línguas, conseguiu um endereço
fixo onde começou a estabilizar
sua vida. "Para sobreviver, eu já
tive que roubar e pedir esmola na
rua. Por pouco não segui o mesmo caminho de três irmão meus,
que foram assassinados, um deles
dentro de uma cadeia."
O que levou Gabriel a sair dessa
rotina foi o seu interesse pela língua inglesa, que ele aprendeu a falar praticamente sozinho, lendo
livros na rua ou na escola.
A mudança em sua vida ocorreu quando passou a ser atendido, aos 17 anos, pelo Centro de
Cooperação para o Desenvolvimento da Infância e Adolescência. Só conseguiu alguma estabilidade quando recebeu o apoio da
Associação Brasileira para Superdotados.
"Na maioria dos casos, o que essas pessoas mais precisam é mesmo de afeto e de atenção de alguém, para ajudá-los a entender
melhor sua situação", afirma
Marsyl Bulkool Mettrau, que dirige a entidade para superdotados.
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