São Paulo, domingo, 26 de março de 2000


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SAÚDE
Testes ajudam idosos a saber quando parar

ALCINO BARBOSA JR.
especial para a Folha

Quando interromper as atividades físicas mais complexas que trazem risco de acidente (dirigir, manusear ferramentas, operar máquinas ou fazer pequenos consertos)?
A idade cronológica não é um bom critério para decidir o momento de parar. "Apenas pela idade, a pessoa não é obrigada a deixar de fazer nada na sua vida", afirma Alberto Stoppe Jr., coordenador do Proter (Projeto Terceira Idade) do Instituto de Psiquiatria da USP.
Essa decisão deve ser baseada em testes individuais de certas funções, essenciais para o desempenho de atividades mais complicadas (veja quadro ao lado).
"Reduzir progressivamente a carga de trabalho e de atividade física, mantendo sempre uma quantidade, ainda que pequena, é melhor do que se retirar bruscamente", diz Stoppe.
Segundo João Toniolo Neto, professor de geriatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), "não é o nome ou o número de doenças que determinam se um indivíduo pode exercer certa atividade, mas sim a sua adaptação ao envelhecimento e aos seus problemas de saúde."
Toniolo exemplifica: "Uma pessoa hipertensa tem uma doença, mas pode ser funcionalmente independente, se estiver adequadamente medicada."
A avaliação do idoso deve ser feita por vários médicos. Os geriatras fazem uma primeira análise e indicam outros especialistas, quando necessário.
A fisioterapeuta Monica Perracini, responsável pelo Serviço de Reabilitação Gerontológica da Unifesp, afirma que "para manter uma boa performance em qualquer atividade complexa é preciso compensação (como óculos ou aparelho auditivo) e treino; o melhor é reconhecer suas limitações e adaptar-se a elas".
O médico do tráfego Marcos Antonio Pirito, vice-presidente da Abramet (Associação Brasileira de Acidentes e Medicina de Tráfego), dá alguns exemplos. "Maximize a visão, com óculos para perto e longe, e a audição, se necessário, com aparelhos."
Segundo ele, a prática é a chave para evitar acidentes. "O hábito melhora as respostas motoras."
Mesmo os idosos com limitações físicas podem melhorar seu desempenho com "programas específicos de treinamento e atividade física", afirma Monica.
"O uso de várias medicações é um fator de risco para acidentes", diz João Toniolo Neto. Certos remédios, especialmente os psicotrópicos, podem provocar efeitos colaterais, como sonolência e demora para reagir.


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