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Defesa manda apurar atrasos em Cumbica
Ministro da pasta determinou à Infraero que investigue a demora no conserto de equipamento no aeroporto em Guarulhos
Em carta enviada ao comando da estatal que administra os aeroportos do país, Waldir Pires pediu a punição dos responsáveis
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, determinou ontem à Infraero a abertura de uma sindicância para apurar a demora no
conserto e na liberação de um
equipamento necessário no auxílio a aeronaves em pousos e
decolagens que resultou no fechamento do aeroporto internacional de Cumbica nas manhãs de ontem e anteontem.
Guarulhos fechou por seis
horas e meia na manhã de sábado e por três horas na de ontem,
o que provocou a transferência
de ao menos 20 pousos e atrasos em cerca de cem chegadas e
partidas. Houve confusão e tumulto entre passageiros e funcionários das empresas aéreas.
"Os responsáveis, identificados, deverão ser afastados de
função e logo substituídos interinamente e submetidos ao
processo administrativo, legal,
que os exclua, se for o caso, do
gerenciamento, ou da direção, e
até mesmo, sejam demitidos,
exemplarmente, da empresa",
diz trecho de carta enviada por
Pires ao comando da Infraero.
A supervisão da estatal em
Cumbica manteve ontem a versão de que o fechamento foi
provocado por uma neblina e
não por problemas de equipamento. Até o começo da noite,
funcionários da Infraero desconheciam a solicitação de sindicância. Sem ser identificado,
um deles disse que nenhum comunicado da presidência da Infraero havia chegado a Cumbica até ontem à noite.
O tom duro da carta ocorre
em um momento em que Pires
tenta demonstrar força: ele deverá ser substituído na reforma
ministerial tocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A sindicância pretende identificar se funcionários da Infraero falharam ao deixar impedido de uso, nos últimos dez
dias, o instrumento ILS Cat 2
-que ajuda nas operações de
pouso e decolagem em dias
chuvosos ou com nevoeiro -o
que é comum em Guarulhos.
"O ministro me encaminhou
um documento determinando
a apuração rigorosa, rápida e,
havendo culpados, a punição",
disse o presidente da Infraero,
José Carlos Pereira. As demissões, segundo ele, "evidentemente vão depender das apurações". "Se tiver que demitir,
vou demitir. A ordem do ministro tem que ser cumprida."
Segundo a Infraero, o Cat 2
está fora de operação há dez
dias, quando foi atingido por
um raio. No dia seguinte, foi reparado, mas dependia de testes
práticos -no caso, operações
de pouso e decolagem de jatos-laboratórios da FAB.
Nesse intervalo de dez dias,
uma aeronave da FAB foi enviada a Cumbica justamente
para isso, mas sofreu uma avaria logo ao pousar na pista. Segundo o presidente da Infraero,
que conversou ontem com o
comandante da Aeronáutica,
brigadeiro Juniti Saito, um outro jato deve ser enviado hoje a
Cumbica para iniciar os testes.
A sindicância, em princípio,
terá prazo máximo de 30 dias.
O presidente da Infraero comentou reportagem da Folha
de ontem segundo a qual um
levantamento do Coaf (Conselho de Controle de Atividades
Financeiras) identificou movimentações atípicas em contas
de dirigentes e ex-dirigentes da
estatal. "Esse [levantamento] é
um problema pessoal de cada
um. Tem Código Penal, tem
polícia, tem Ministério Público, tem penitenciária. Está tudo aí à disposição. Cada um que
resolva o seu problema."
Conexão perdida
O funcionário público Giscard Stephanou, 32, foi um dos
30 passageiros que procuraram
a Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil), anteontem, para
reclamar. Ele veio de Brasília
num vôo previsto para sair às
5h40, mas que só decolou às
6h15. O avião foi obrigado a
pousar em Campinas, às 8h40.
Saiu de lá às 12h30, chegando
em Guarulhos às 12h50. Por
causa dos atrasos, ele perdeu
um vôo para o Panamá.
Seu embarque foi transferido
para as 4h30 de ontem. "Quem
pagará as minhas despesas de
hotel e alimentação em São
Paulo?" Para ele, voar no Brasil
virou um imenso transtorno.
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