São Paulo, quinta-feira, 26 de março de 2009

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Policiais são acusados de disputar propina

Denúncia da Procuradoria à Justiça Federal diz que havia competição entre policiais civis para achacar traficantes em Cumbica

Grupo também é acusado de vender proteção a suspeitos de burlar vigilância em aeroporto; operação da PF prendeu 32 no início do mês


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Procuradores da República acusam um grupo de policiais civis de Guarulhos (Grande São Paulo) de competir entre si para extorquir dinheiro de traficantes que agiam no aeroporto internacional de Cumbica.
Os policiais são acusados de chantagear e vender proteção aos suspeitos de burlar o sistema de vigilância do aeroporto para enviar cocaína para a Europa e a África.
"Havia na Polícia Civil em Guarulhos verdadeira competição entre grupos de policiais corruptos para extorquir traficantes", diz trecho da denúncia apresentada por oito procuradores à Justiça Federal.
Outra afirmação é que a "referida quadrilha de policiais cometia os delitos mediante grave ameaça à família dos traficantes denunciados".
A investigação foi feita pela Polícia Federal e começou em julho de 2007. No dia 10 deste mês, durante a chamada Operação Carga Pesada, a PF prendeu 32 pessoas acusadas de integrar o esquema criminoso.
Desses 32 presos, dois são policiais civis. Outros dois policiais civis denunciados pelos procuradores continuam soltos e trabalhando. Os procuradores afirmam que mais dois policiais civis, citados nas escutas como Júnior e Ricardo, também agiriam com o grupo.
Nas escutas telefônicas, a PF flagrou os policiais pedindo para os traficantes indicarem outros criminosos que traficavam no aeroporto de Cumbica para que fossem achacados por colegas da polícia.
Segundo a PF, funcionários do aeroporto eram cooptados para introduzir as malas e as cargas com cocaína em alguns pontos do aeroporto. De lá, elas eram transportadas pelos carros oficiais da Infraero (estatal que administra os aeroportos), que não são revistados.
As malas iam para dentro das aeronaves, já com etiquetas arrancadas de outras malas que haviam passado pelo raio-X.
Entre os envolvidos, há um funcionário da Infraero, uma auditora da Receita Federal e funcionários de empresas que operavam o sistema de transporte de cargas e de malas.
Na denúncia, os procuradores afirmam que o lema dos policiais civis acusados de chantagear os traficantes era "quem chegar primeiro, chegou". Eles também ofereceriam serviço de escolta da cocaína.
De acordo com os procuradores, os policiais civis que montaram o esquema para achacar os traficantes são Carlos César Pádua dos Santos Dias, conhecido como Cesinha, Paulo Silveira Pereira, o Paulinho, José Orlando Alves Maciel e José Roberto Nunes, o Júlio -os dois últimos presos no dia 10.
Além desses policiais civis, a PF prendeu uma policial militar e o policial civil Ricardo Ando, da 5ª Delegacia Seccional Leste, também acusados de ajudar no tráfico internacional.


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