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Policiais são acusados de disputar propina
Denúncia da Procuradoria à Justiça Federal diz que havia competição entre policiais civis para achacar traficantes em Cumbica
Grupo também é acusado de vender proteção a suspeitos de burlar vigilância em aeroporto; operação da PF prendeu 32 no início do mês
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Procuradores da República
acusam um grupo de policiais
civis de Guarulhos (Grande São
Paulo) de competir entre si para extorquir dinheiro de traficantes que agiam no aeroporto
internacional de Cumbica.
Os policiais são acusados de
chantagear e vender proteção
aos suspeitos de burlar o sistema de vigilância do aeroporto
para enviar cocaína para a Europa e a África.
"Havia na Polícia Civil em
Guarulhos verdadeira competição entre grupos de policiais
corruptos para extorquir traficantes", diz trecho da denúncia
apresentada por oito procuradores à Justiça Federal.
Outra afirmação é que a "referida quadrilha de policiais cometia os delitos mediante grave ameaça à família dos traficantes denunciados".
A investigação foi feita pela
Polícia Federal e começou em
julho de 2007. No dia 10 deste
mês, durante a chamada Operação Carga Pesada, a PF prendeu 32 pessoas acusadas de integrar o esquema criminoso.
Desses 32 presos, dois são
policiais civis. Outros dois policiais civis denunciados pelos
procuradores continuam soltos e trabalhando. Os procuradores afirmam que mais dois
policiais civis, citados nas escutas como Júnior e Ricardo,
também agiriam com o grupo.
Nas escutas telefônicas, a PF
flagrou os policiais pedindo para os traficantes indicarem outros criminosos que traficavam
no aeroporto de Cumbica para
que fossem achacados por colegas da polícia.
Segundo a PF, funcionários
do aeroporto eram cooptados
para introduzir as malas e as
cargas com cocaína em alguns
pontos do aeroporto. De lá, elas
eram transportadas pelos carros oficiais da Infraero (estatal
que administra os aeroportos),
que não são revistados.
As malas iam para dentro das
aeronaves, já com etiquetas arrancadas de outras malas que
haviam passado pelo raio-X.
Entre os envolvidos, há um
funcionário da Infraero, uma
auditora da Receita Federal e
funcionários de empresas que
operavam o sistema de transporte de cargas e de malas.
Na denúncia, os procuradores afirmam que o lema dos policiais civis acusados de chantagear os traficantes era "quem
chegar primeiro, chegou". Eles
também ofereceriam serviço
de escolta da cocaína.
De acordo com os procuradores, os policiais civis que montaram o esquema para achacar
os traficantes são Carlos César
Pádua dos Santos Dias, conhecido como Cesinha, Paulo Silveira Pereira, o Paulinho, José
Orlando Alves Maciel e José
Roberto Nunes, o Júlio -os
dois últimos presos no dia 10.
Além desses policiais civis, a
PF prendeu uma policial militar e o policial civil Ricardo Ando, da 5ª Delegacia Seccional
Leste, também acusados de
ajudar no tráfico internacional.
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