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Cidades do Nordeste têm pior desempenho
Entre os mil piores municípios de acordo com o índice do Ideb (notas de 0,3 a 2,7), 81% são do Nordeste e 15%, do Norte
Cada município terá uma
meta, que será monitorado
a cada dois anos pelo MEC;
das 239 melhores, 52% têm
menos de 1.500 alunos
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Educação
criou o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para nortear as políticas de
melhoria na qualidade das escolas públicas. O país tem um
Ideb de 3,8 e deve chegar, até
2022, a 6 -nota equivalente à
média dos países desenvolvidos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Para as redes municipais de
ensino -principal foco das políticas anunciadas pelo governo-, o objetivo é sair dos atuais
3,4 e chegar a 5,7 na quarta série do ensino fundamental.
Cada município, no entanto,
terá sua própria meta, que será
monitorada a cada dois anos
pelo MEC. Hoje, as médias do
Ideb na quarta série para as redes municipais variam de 0,3 a
6,8 (essa será a série utilizada
para a análise das ações).
A meta do MEC é que elas
passem a variar de 3,8 a 8,1, ou
seja, todos os municípios terão
que melhorar, mesmo os poucos que já estão acima da média
projetada para 2022.
Hoje, só 33 dos 4.350 municípios avaliados já estão nesse patamar. São Paulo é o Estado que
possui mais municípios nesse
grupo (11), todos no interior.
Já entre as mil piores cidades
(que obtiveram notas que variam de 0,3 a 2,7), 81% são do
Nordeste e 15% do Norte. No
outro extremo, entre as 239
melhores (que obtiveram nota
acima de 5), 80% estão no Sudeste e 18% no Sul, sendo que
municípios paulistas respondem, sozinhos, por 57% desse
total. Há um único município
nordestino na lista: Alto Alegre
do Pindaré (MA). Não há nenhum da região Norte.
Há Estados em que a maioria
dos municípios avaliados encontra-se no grupo das piores.
É o caso de Alagoas (77% dos
municípios avaliados entre os
piores), Sergipe (74%), Rio
Grande do Norte (70%), Pará
(63%), Amazonas (63%), Acre
(62%), Paraíba (61%), Piauí
(61%) e Bahia (53%).
Pequeno porte
O perfil das cidades com melhores indicadores deixa claro,
mais uma vez, que o melhor ensino público está no interior do
Sul e Sudeste, especialmente
em municípios de pequeno
porte. Das 239 melhores cidades, a maioria delas (52%) administram uma rede municipal
de educação com menos de
1.500 alunos.
Não há, por exemplo, nenhuma capital com Ideb superior a
5. As notas variam de 2,8 a 4,7.
As exceções mais significativas nesse grupo das melhores
são as cidades de Joinville (SC),
São José dos Campos (SP),
Jundiaí (SP) e São José do Rio
Preto (SP). Todas elas possuem
redes com mais de 20 mil estudantes, mas, mesmo assim,
conseguem manter um padrão
elevado de qualidade medido
pelo Ideb, com médias iguais
ou superiores a 5,0.
Para o professor da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília) Erasto
Fortes, o objetivo só será alcançado se os municípios aceitarem o pacto com o governo federal -as cidades com mais dificuldade receberão apoio do
Ministério da Educação, mas
terão de se comprometer a implementar algumas medidas,
como avaliação de professores
e fim da indicação política para
diretor de escola.
"Os municípios terão de seguir as diretrizes. Mas o governo também terá de cumprir a
sua parte, com apoio e incentivos", disse Fortes.
O prazo de 15 anos para alcançar o objetivo "é muito longo para a sociedade", afirma o
coordenador da ONG Ação
Educativa, Sergio Haddad.
"Mas em educação não se faz
milagres do dia para a noite."
Na avaliação de Creso Franco, pesquisador da PUC-RJ, a
união de um indicador de fluxo
escolar com outro de qualidade
é importante: "Isso sinaliza que
de nada adianta reprovar vários
alunos para ter desempenho
melhor no final da avaliação ou
aprovar todos em detrimento
da qualidade. Os dois fatores
têm que andar juntos".
Os dados do Ideb serão colocados hoje no site do Inep, instituto de pesquisas do MEC
(www.inep.gov.br).
Algumas informações, porém, já começam a ser contestadas. A Prefeitura de Ramilândia (PR), município com o pior
indicador do país, afirma que
sua taxa de repetência está
muito acima do real, o que puxa seu indicador para baixo.
Além disso, os dados da Prova Brasil, divulgados no ano
passado, estavam errados. A rede municipal de São Paulo, que
estava entre as piores capitais,
agora subiu de posição.
Além de monitorar o andamento das políticas de melhoria lançadas pelo governo federal, o Ideb também foi utilizado
para identificar os mil municípios com os piores indicadores
de qualidade de ensino.
Essas cidades receberão
apoio técnico do MEC. As que
tiverem poucos recursos também contarão com uma verba
extra do governo federal, que
diz já ter reservado R$ 1 bilhão
para o projeto.
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