São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

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Ministério errou resultados da Prova Brasil em 2006

Dados divulgados prejudicaram São Paulo e Porto Alegre em ranking educacional

São Paulo estava em 20º entre as capitais em matemática e 21º em português (4ª série); com atualização, subiu para 12º

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Educação divulgou em 2006 -ano eleitoral -dados errados sobre o resultado da Prova Brasil, exame nacional que avalia o desempenho dos estudantes de escolas públicas de todo o país.
A rede municipal de São Paulo, por exemplo, figurava entre as piores capitais do país. Com a revisão dos dados, o sistema paulistano subiu para o bloco intermediário de desempenho.
As informações sobre Porto Alegre, Belo Horizonte, Porto Velho e Boa Vista também estavam incorretos. O governo federal estima que os erros atingiram até 5% dos dados.
O Inep, instituto de pesquisas do Ministério da Educação, admitiu ontem à Folha que algumas informações divulgadas estavam incorretas.
São Paulo, por exemplo, era 20ª no ranking de capitais em matemática (167 pontos) e 21º em português (160 pontos) na 4ª série. Com o ranking atualizado, a capital paulista subiu para 12º em ambas as listas.
As médias na 8ª série também foram revistas para cima, mas houve mudança apenas no ranking de português (da 12ª para a 10ª posição).
A Prova Brasil é um exame nacional, aplicado a todas as escolas públicas do país, que avalia língua portuguesa e matemática da 4ª e 8ª séries.
O exame é utilizado para verificar a situação do aprendizado e para traçar políticas públicas na área. A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, fez um estudo específico usando as notas de cada escola.
As notas atualizadas podem ser vistas nas tabelas que originam o Ideb, indicador que será lançado oficialmente hoje no site do Inep. Procurado pela Folha, o instituto não se pronunciou. Confirmou apenas que houve a revisão.
A reportagem, porém, teve acesso a uma nota explicativa que o instituto tem enviado para Estados e municípios, comentando a revisão.
Um trecho afirma que "os problemas corrigidos tiveram como causa a dificuldade da leitura dos códigos de algumas escolas e municípios e também problemas no processamento técnico das respostas dos alunos, como também no escaneamento e interpretação eletrônica dos dados".
O texto afirma ainda que mais de 95% das informações divulgadas em junho não sofreram alteração com a revisão.
A Secretaria Municipal da Educação de São Paulo não se pronunciou sobre a revisão até o fechamento desta edição.

Outros casos
Com a revisão dos dados, Porto Alegre registrou aumento de 13,2 pontos na média de matemática (de 223 para 236 pontos) e de 15,6 na prova de português da oitava série (de 210 para 225 pontos).
Com isso, no ranking das capitais nas provas de oitava série, passou da 20ª para a 13ª posição em matemática e da 22ª para 12ª em português.
Em Belo Horizonte, a revisão das notas na oitava série também alterou significativamente a posição da cidade no ranking. Na prova de português, a diferença de 11 pontos fez com que a cidade passasse da 17ª para a 11ª posição. Em matemática, dez pontos a mais alteraram da 14ª para a 11ª posição.
Porto Velho e Boa Vista também tiveram suas notas revisadas para cima, especialmente nas provas de 4ª série.
A Secretaria de Educação de Porto Alegre, cidade que teve maior diferença na nota após a revisão, informou que não encaminhou pedido de mudança nas médias para o Inep.
Segundo a secretária Marilú Fontoura de Medeiros, a mudança não prejudica a análise da qualidade do ensino na cidade, "porque não usamos esta avaliação como padrão único e exclusivo". Ela diz, porém, que "para aqueles que fazem desta avaliação um critério único para avaliar docentes e alunos, estes já foram extremamente prejudicados nas suas cidades e em cada uma das escolas". (AG, FT e FS)


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