São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

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Sem-teto bloqueiam 3 rodovias em SP

Raposo Tavares, Castello Branco e Régis Bittencourt ficaram fechadas por cerca de uma hora; três manifestantes se feriram

Lideranças disseram que ação foi para pressionar por uma solução para as 3.000 famílias acampadas em Itapecerica (Grande SP)

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de 1.500 integrantes do movimento dos sem-teto bloqueou simultaneamente na manhã de ontem três das principais rodovias de acesso a São Paulo: Raposo Tavares, Castello Branco e Régis Bittencourt. A interdição das vias durou cerca de uma hora e provocou congestionamentos de até 10 km. A manifestação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que alega querer pressionar as autoridades por políticas habitacionais, em especial uma solução para uma invasão em Itapecerica da Serra (Grande SP), provocou a revolta de alguns motoristas. Um deles furou o bloqueio na Raposo Tavares, jogou o carro sobre os sem-teto e fez disparos, ferindo três manifestantes.
As vítimas foram socorridas para unidades de saúde de Cotia, na Grande SP. Até a noite de ontem, só uma permanecia internada em observação. Os bloqueios começaram por volta das 10h. Foram colocados pneus incendiados para evitar a passagem de veículos. Em cada ponto de interdição havia cerca de 500 pessoas, segundo os manifestantes, acompanhadas por policiais militares.
A rodovia Raposo Tavares é o principal corredor de ligação entre a capital paulista e Mato Grosso do Sul. Nos 25 km entre Cotia (local do incidente) e São Paulo, passam cerca de 100 mil veículos por dia. Já a Régis Bittencourt faz a ligação de São Paulo com o Paraná, e a Castello Branco, entre a capital e o sudoeste do interior paulista.
Segundo líderes do movimento, a ação foi desencadeada como forma de pressionar os governantes a apresentar medidas concretas para solucionar o problema de 3.000 famílias acampadas num terreno particular em Itapecerica. De acordo com eles, até agora foi feito um acordo verbal com os governos paulista e federal, mas nada de concreto foi apresentado. A pressão ocorre, segundo eles, porque vence no dia 7 de maio o prazo para deixarem a área invadida. O coordenador Guilherme Castro, 25, disse que, se não houver uma proposta concreta até essa data, vai haver resistência à reintegração de posse. "Isso aqui pode virar um Eldorado do Carajás urbano", disse.
A Secretaria de Estado da Habitação afirmou lamentar a ação dos sem-teto já que três esferas de governo (municipal, estadual e federal) estariam "sentadas à mesa" com os representantes do movimento para discutir e atender as reivindicações. "Essa ação nos causa absoluta perplexidade", disse o chefe-de-gabinete Sérgio Mendonça, interlocutor dos manifestantes.

Disparos
Até o começo da noite de ontem, a polícia não havia identificado o responsável pelos disparos contra os manifestantes. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, ninguém anotou as placas do carro e havia dúvida das testemunhas sobre o veículo utilizado (uma Blazer ou uma S-10). Os líderes do movimento afirmaram acreditar que o responsável pelos disparos seja um policial.


Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, da Reportagem Local


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