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Sem-teto bloqueiam 3 rodovias em SP
Raposo Tavares, Castello Branco e Régis Bittencourt ficaram fechadas por cerca de uma hora; três manifestantes se feriram
Lideranças disseram que ação foi para pressionar por uma solução para as 3.000 famílias acampadas em Itapecerica (Grande SP)
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de 1.500 integrantes do movimento dos sem-teto
bloqueou simultaneamente na
manhã de ontem três das principais rodovias de acesso a São
Paulo: Raposo Tavares, Castello Branco e Régis Bittencourt.
A interdição das vias durou cerca de uma hora e provocou congestionamentos de até 10 km.
A manifestação do MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que alega querer
pressionar as autoridades por
políticas habitacionais, em especial uma solução para uma
invasão em Itapecerica da Serra (Grande SP), provocou a revolta de alguns motoristas.
Um deles furou o bloqueio na
Raposo Tavares, jogou o carro
sobre os sem-teto e fez disparos, ferindo três manifestantes.
As vítimas foram socorridas
para unidades de saúde de Cotia, na Grande SP. Até a noite de
ontem, só uma permanecia internada em observação.
Os bloqueios começaram por
volta das 10h. Foram colocados
pneus incendiados para evitar a
passagem de veículos. Em cada
ponto de interdição havia cerca
de 500 pessoas, segundo os manifestantes, acompanhadas por
policiais militares.
A rodovia Raposo Tavares é o
principal corredor de ligação
entre a capital paulista e Mato
Grosso do Sul. Nos 25 km entre
Cotia (local do incidente) e São
Paulo, passam cerca de 100 mil
veículos por dia. Já a Régis Bittencourt faz a ligação de São
Paulo com o Paraná, e a Castello Branco, entre a capital e o
sudoeste do interior paulista.
Segundo líderes do movimento, a ação foi desencadeada
como forma de pressionar os
governantes a apresentar medidas concretas para solucionar o problema de 3.000 famílias acampadas num terreno
particular em Itapecerica.
De acordo com eles, até agora
foi feito um acordo verbal com
os governos paulista e federal,
mas nada de concreto foi apresentado. A pressão ocorre, segundo eles, porque vence no dia
7 de maio o prazo para deixarem a área invadida.
O coordenador Guilherme
Castro, 25, disse que, se não
houver uma proposta concreta
até essa data, vai haver resistência à reintegração de posse.
"Isso aqui pode virar um Eldorado do Carajás urbano", disse.
A Secretaria de Estado da
Habitação afirmou lamentar a
ação dos sem-teto já que três
esferas de governo (municipal,
estadual e federal) estariam
"sentadas à mesa" com os representantes do movimento
para discutir e atender as reivindicações. "Essa ação nos
causa absoluta perplexidade",
disse o chefe-de-gabinete Sérgio Mendonça, interlocutor dos
manifestantes.
Disparos
Até o começo da noite de ontem, a polícia não havia identificado o responsável pelos disparos contra os manifestantes.
De acordo com a Secretaria da
Segurança Pública, ninguém
anotou as placas do carro e havia dúvida das testemunhas sobre o veículo utilizado (uma
Blazer ou uma S-10). Os líderes
do movimento afirmaram acreditar que o responsável pelos
disparos seja um policial.
Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, da Reportagem Local
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