São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Família é feita refém por mais de 35 h

Em Campinas, duas crianças, de 7 anos e 10 anos, e a mãe delas permaneciam com assaltante armado

O criminoso, que não havia sido identificado, exigiu um carro para fugir, mas negociadores não aceitaram e policiais mantiveram cerco

Robson Ventura/Folha Imagem
Pai dos garotos que são mantidos reféns observa movimentação da polícia em frente à sua casa


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Mais de 35 horas de negociação e espera não foram suficientes para convencer o assaltante que fez uma família refém, na tarde de anteontem em Campinas (95 km de SP), a libertar as vítimas. Até o fechamento desta edição, o criminoso armado ainda mantinha duas crianças, de sete anos e dez anos, e a mãe delas em casa.
O assaltante exigiu ontem que a polícia o deixasse fugir dirigindo um carro, armado, com um colete à prova de balas e com uma das vítimas em seu poder. Os policiais não aceitaram e mantiveram o cerco.
O criminoso invadiu anteontem às 12h a casa no bairro residencial Jardim Novo Campos Elíseos, na periferia da cidade, e fez três crianças e a mãe delas reféns no momento em que a família almoçava. A criança mais nova, de três anos, foi libertada anteontem às 16h pelo seqüestrador, que a trocou por um colete à prova de balas.
O menino libertado passava bem, segundo familiares, mas dormiu pouco e estava assustado. "Ele [menino] é muito apegado à mãe. E disse que não queria voltar para o lugar onde a mãe estava presa", disse a pedagoga Jussara Amorim, 27, parente do menino.
Um outro parente, Nelson Manoel da Silva, 44, afirmou que a família passa por "momentos de muita angústia". "Todos estão muito angustiados e aflitos com a situação."
O assaltante -que a polícia ainda não identificou- fez os reféns durante uma tentativa de fuga. Ele e um outro assaltante, que conseguiu fugir, furtaram um videogame de uma loja no bairro. Na fuga, trocaram tiros com um policial à paisana. Ele pulou alguns muros até fazer a família refém.
O caso atraiu centenas de curiosos de diversas partes da cidade. Pelo menos 400 pessoas se aglomeravam nas proximidades da casa. A rua onde fica a casa -de dois quartos, sala, cozinha e banheiro- foi isolada.
Pelo menos 50 policiais cercaram a residência, entre eles integrantes do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), de São Paulo.
Religiosos e representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) estiveram no local na tentativa de ajudar, mas foram barrados pelos policiais. Segundo a PM, o assaltante se mostrou irredutível.

Dia tenso
Às 5h30 de ontem, após uma madrugada em que fez contatos esporádicos, o criminoso atirou pela janela um aparelho comunicador que havia sido entregue pela polícia.
Após desafiar os negociadores, ele só voltou a falar às 11h30, quando exigiu um maço de cigarro usando o celular da refém, Mara Silva Souza, 29, atendente de supermercado.
O major da PM disse ontem que o assaltante chegou a ameaçar matar os reféns após a polícia ter cortado a energia elétrica da casa, anteontem.
Ao pedir o carro para fugir armado com a refém, a polícia disse que a mãe das crianças chegou a concordar com o assaltante na esperança de que os filhos fossem libertados. Os negociadores, no entanto, foram contrários à decisão.


Texto Anterior: Crise aérea: TAM indenizará passageira por overbooking
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.