São Paulo, sábado, 26 de abril de 2008

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Deputados pediram para antecipar novo fuso

Em 60 dias, Brasil terá 3 em vez de 4 fusos horários; para parlamentar, mudança resolve problemas de emissoras de TV

Mudanças vão acontecer em 46 municípios da região Norte; emissoras enfrentam dificuldades para se adequar à classificação indicativa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Casa Civil apressou a sanção da lei que altera o fuso horário em 46 municípios da região Norte para atender a um pedido do líder do governo do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) e do primeiro vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC).
A mudança interessa às emissoras de TV, que vêm enfrentando dificuldades para adequar a programação a uma portaria do Ministério da Justiça sobre o cumprimento da classificação indicativa nos Estados com fuso diferente ao horário de Brasília.
"Foi um pedido meu e do senador Tião Viana, que é o autor do projeto de lei", disse Jucá. "A mudança ajuda a resolver parte dos problemas das emissoras de TV e atende a uma demanda da população desses municípios", completou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha até o dia 9 de maio para sancionar a lei aprovada pelo Senado há duas semanas. Com sanção publicada anteontem no "Diário Oficial" da União, o Brasil terá, dentro de 60 dias, três em vez de quatro fusos horários.
As mudanças atingem os Estados do Acre, Amazonas e Pará. Todas as emissoras fizeram lobby para apressar a sanção da lei. A maior dificuldade era adequar a grades de programação ao horário do Acre, onde o fuso é de duas horas a menos em relação a Brasília.
Segundo a Folha apurou, Bandeirantes, Record e SBT resolveram parte dos seus problemas. As três deixaram a programação após as 20 horas de Brasília "mais light", para não ficar fora da classificação indicativa nos Estados cujas exibições acontecem mais cedo. Apesar de exibir o Jornal Nacional antes da novela das sete, a Globo tem dificuldades em se adequar nos dias em que há partidas de futebol.
O senador Romero Jucá disse que tem discutido com o ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre a possibilidade de se encontrar uma solução para o problema da classificação indicativa. "Isso não é só interesse das emissoras. É do povo também", disse.

Só um fuso
O projeto sobre a mudança de fuso foi apresentado pelo senador Tião Viana (PT-AC) em 2006, antes da publicação da portaria sobre classificação indicativa. Segundo ele, o lobby das emissoras ganhou força depois que o projeto aprovado pelo Senado passou a tramitar na Câmara dos Deputados.
Naquela Casa, a relatoria da proposta ficou com a deputada Rebecca Garcia (PP-AM), cuja família é proprietária da retransmissora da TV Bandeirantes no Amazonas. Ela contou que as emissoras defenderam um único fuso para o país.
"Muita gente estranhou porque não agi como empresária, mas sim como deputada do meu Estado", disse Rebecca, um dia depois da aprovação do projeto no Senado.
De acordo com a deputada, uma mudança radical no fuso horário causaria danos à população do Amazonas e do Acre, que, na prática, iria despertar no meio da madrugada.


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