São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

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Para E.L.S., "prostituição é normal"

DA AGÊNCIA FOLHA EM MANAUS

E.L.S., 14, não tira o celular das mãos. O aparelho é o elo dela com o aliciador e os clientes, entre eles empresários, policiais militares e até delegados de polícia. Ela começou a fazer "programas" aos 13, a convite de um travesti chamado Simon. Desistiu de estudar em uma cidade do interior do Amazonas quando estava na 6ª série do ensino fundamental.
O "ponto" dos programas é a principal avenida de Manaus, a Getúlio Vargas. E. disse que não tem sonhos de ter uma profissão ou uma família. Ela quer continuar na prostituição.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista da menor.

Folha - Por que você deixou sua família para se prostituir?
E.L.S. -
Eu conheci uma pessoa há três anos. Ele me chamava sempre para conhecer novos clientes. Mas eu tinha muito medo. Quando fiz 13 anos fugi de casa para fazer programas em Manaus. Queria ganhar dinheiro e comprar as coisas que desejava.

Folha - Como essa pessoa conseguia os programas para você?
E. -
Ficamos sempre na avenida Getúlio Vargas, na rua mesmo. O preço é R$ 70, mas tenho de dar R$ 10 para o agente. Com celular ficou fácil. Muitos ligam direto.

Folha - Você não quer sair da prostituição, ter uma família?
E. -
Ninguém tem o direito de me tirar da prostituição só porque sou menor. Eu acho [a prostituição" uma coisa normal. Já vi meninas de 10 anos fazendo programas na avenida Getúlio Vargas.


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