São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

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Check-up deve começar aos 50 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

O envelhecimento natural traz diminuição da memória, das funções cognitivas e o retardamento dos movimentos. Mas, quando essas dificuldades impedem uma vida normal, podem ser sinal de um dos 50 tipos de doenças que causam demências.
"Muitos pacientes e até médicos demoram a procurar ou recomendar o tratamento porque pensam que é algo natural da velhice", diz a neuropsicóloga Jacqueline Abrisqueta-Gomez, que defende um check-up das funções neurológicas por meio de testes e de exames de imagem a partir dos 50 anos de idade.
Alguns casos de demência são tratáveis, como as causadas por distúrbios hormonais, por deficiência de vitaminas e por determinados tipos de tumores.
Mesmo as demências que não têm cura podem ter a progressão retardada com abordagens com drogas e reabilitação se o tratamento começar cedo.
A pianista Feliberta Oreggia Pregola, a Berta, cuja história abriu a reportagem, começou a se tratar cedo. Uma de suas filhas notou o problema e algum tempo depois procurou ajuda no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Berta, que nasceu na Itália, fala claramente de sua doença. "Eu me sinto bem esquecida. Mas graças a Deus não falo bobagens." Sua mãe também teve a doença, com uma evolução muito ruim.
Depois de passar pela reabilitação cognitiva no hospital, Berta melhorou sua orientação no espaço e no tempo, com uso da agenda e do calendário, e passou a ficar menos desconfiada e temerosa em relação à doença.
Em casa, ela gosta de tocar piano e ver TV. Berta ainda sai com amigas para ir ao bingo ou jogar baralho, atividade que adora. "Mas só gosto de jogar por dinheiro. Sem isso, para que jogar?"
"A terapia foi uma maravilha", diz a filha Maria de Lourdes, que recebeu as orientações para os cuidadores. "Aprendi a relevar."
Estudos recentes mostraram que a atividade intelectual pode ser uma maneira de prevenir as demências. Pessoas que lêem, escrevem e praticam atividades artísticas teriam menos chances de ter o distúrbio.
Na semana passada, o papa João Paulo 2º, que sofre do mal de Parkinson, pela primeira vez não conseguiu ler parte de um de seus discursos em italiano.
A doença é um distúrbio neurológico degenerativo que causa tremores e também pode levar à demência. Segundo o neurologista Claudio Fernandes Corrêa, chefe do Cetrami (Centro de Tratamento de Movimentos Involuntários) do Hospital Nove de Julho de São Paulo, as estatísticas mostram que a demência atinge até 40% dos portadores de Parkinson.
"Na minha opinião, a taxa mais real fica entre 15% e 30% no oitavo ou décimo ano da doença", declarou Corrêa.
Alguns trabalhos demonstram que drogas utilizadas contra a doença, depois de metabolizadas, podem ter efeito tóxico sobre as células nervosas.
O Cetrami cadastra pessoas para diagnóstico e orientação gratuita sobre o mal de Parkinson pelo fone 0/xx/11/3147-9890.


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