São Paulo, quarta, 26 de maio de 1999

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FAVELA NAVAL
Tribunal de Justiça considerou que pena superior a 59 anos não condiz com as provas apresentadas no processo
Julgamento é anulado e Rambo terá 2º júri

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O ex-PM Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, condenado por crimes cometidos contra civis na favela Naval, em Diadema (Grande SP), terá novo julgamento.
A 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu ontem que foi manifestamente contra as provas do processo a decisão dos jurados de Diadema de condenar Rambo a 59 anos e seis meses de prisão. Por isso, anulou por unanimidade o julgamento.
Rambo foi julgado, em outubro do ano passado, pela morte do conferente Mário José Josino e por três tentativas de homicídio. Para o TJ, a condenação não condisse com os fatos envolvidos em cada episódio (leia textos abaixo).
Os três desembargadores que votaram também decidiram reduzir para um ano e seis meses a pena de cinco anos e seis meses que o Júri havia imposto ao ex-PM.
Ao todo, Rambo havia sido condenado a 65 anos. Agora, a dosagem da nova pena só vai ser conhecida no próximo julgamento -que pode até absolvê-lo.
Gambra e outros nove ex-PMs foram flagrados por um cinegrafista, em março de 97, espancando pessoas que passavam por um bloqueio que montaram na favela. Gambra foi apontado como autor do tiro que matou Josino.
Os desembargadores Segurado Braz e Oliveira Ribeiro já haviam votado em favor da anulação do julgamento. A votação sobre o recurso da defesa foi suspenso na terça passada porque o desembargador Walter Guilherme pediu para estudar melhor o processo. Ontem ele acabou acompanhando o voto dos outros desembargadores.
"O TJ mostrou que a lei tem de ser aplicada, independentemente do caso", disse Gamalher Corrêa, advogado de Gambra. O promotor José Carlos Blat, que denunciou Rambo, não foi encontrado.



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