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TRÂNSITO
Iluminação precária, segundo técnicos, coloca vida de motoristas em risco; Maria Maluf também tem problemas
Túnel da Ligação Leste-Oeste fica às escuras
UIRÁ MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de 40% das lâmpadas estão funcionando no túnel da Ligação Leste-Oeste, sob a praça Roosevelt (região central de São Paulo), por onde passam diariamente
150 mil motoristas.
A cidade de São Paulo tem 16 túneis. Em pelo menos três deles a
iluminação é deficitária. Além da
Ligação Leste-Oeste -onde, no
sentido leste, das cerca de 120 luminárias apenas 38 funcionam-,
há problemas no complexo Maria
Maluf (zona sul) e no complexo
Mackenzie (acesso à estrada das
Lágrimas -zona sul).
No complexo Maria Maluf, a
entrada do túnel, no sentido bairro, tem cerca de 20% das lâmpadas acesas. Ao todo, estão acesas
aproximadamente 50% das lâmpadas no sentido centro, e 60% no
sentido bairro.
Já no complexo Mackenzie, de
cerca de 200 metros, não há lâmpadas. Em todos os casos, a recomendação para os motoristas é a
mesma: diminuir a velocidade e
aumentar a atenção.
A Prefeitura de São Paulo atribui a situação principalmente aos
furtos de lâmpadas.
Para especialistas, a iluminação
precária põe em risco a vida do
motorista. Segundo o consultor
de trânsito Laurindo Junqueira, a
mudança de luminosidade na entrada ou na saída de um túnel pode levar a uma cegueira momentânea e provocar acidentes.
"Quem está dirigindo pode não
perceber que o trânsito parou, ou
pode deixar de enxergar uma curva, um movimento repentino, ou
pode, também, frear bruscamente", afirma o especialista. "De
qualquer forma, a condução do
veículo fica prejudicada."
O administrador Oliver Conovalov, 24, quase bateu o carro no
meio-fio do túnel sob a praça
Roosevelt. Ele conta que demorou
para enxergar a calçada. "A iluminação é muito fraca. É perigoso."
Segundo o professor da Universidade de Brasília, David Duarte
Lima, esse tipo de perigo decorre
da não-observação de uma regra
simples: ver e ser visto. Segundo
Lima, a dificuldade para enxergar
é o que torna a entrada de túneis
um dos pontos considerados
mais críticos no trânsito.
Tanto Lima quanto Junqueira
concordam que uma iluminação
mais eficiente poderia diminuir
os riscos. Essa também é a opinião de Elisabeto Ribeiro Gonçalves, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Ele explica que, quanto mais escuro for o túnel, mais tempo demora para a visão se adaptar. "Se
o túnel for bem iluminado logo na
entrada, a diferença de luminosidade vai ser menor e a adaptação
vai ser mais rápida, oferecendo
menos perigos", afirma.
A situação em alguns túneis de
São Paulo, no entanto, é oposta à
recomendável. Uma das entradas
da passagem sob a praça Roosevelt (sentido leste), por exemplo,
tem uma lâmpada acesa e pelo
menos 15 apagadas. A saída desse
mesmo túnel (sentido oeste) tem
trechos em completa escuridão.
Os túneis de São Paulo têm outros problemas de manutenção,
além da iluminação. Alguns deles
têm goteiras, infiltrações, vazamentos e oferecem pouca segurança para o pedestre.
Além da falta de luz, quem atravessar um túnel a pé enfrentará
outros problemas. No complexo
Maria Maluf, por exemplo, não há
barra de proteção para o pedestre
em alguns trechos do túnel.
Ao ser procurado pela Folha, o
coordenador de manutenção dos
túneis da Secretaria de Infra-Estrutura Urbana (Siurb), Marcos
Thobias, informou que a passagem sob a praça Roosevelt será interditada para manutenção.
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