São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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TRÂNSITO

Iluminação precária, segundo técnicos, coloca vida de motoristas em risco; Maria Maluf também tem problemas

Túnel da Ligação Leste-Oeste fica às escuras

UIRÁ MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de 40% das lâmpadas estão funcionando no túnel da Ligação Leste-Oeste, sob a praça Roosevelt (região central de São Paulo), por onde passam diariamente 150 mil motoristas.
A cidade de São Paulo tem 16 túneis. Em pelo menos três deles a iluminação é deficitária. Além da Ligação Leste-Oeste -onde, no sentido leste, das cerca de 120 luminárias apenas 38 funcionam-, há problemas no complexo Maria Maluf (zona sul) e no complexo Mackenzie (acesso à estrada das Lágrimas -zona sul).
No complexo Maria Maluf, a entrada do túnel, no sentido bairro, tem cerca de 20% das lâmpadas acesas. Ao todo, estão acesas aproximadamente 50% das lâmpadas no sentido centro, e 60% no sentido bairro.
Já no complexo Mackenzie, de cerca de 200 metros, não há lâmpadas. Em todos os casos, a recomendação para os motoristas é a mesma: diminuir a velocidade e aumentar a atenção.
A Prefeitura de São Paulo atribui a situação principalmente aos furtos de lâmpadas.
Para especialistas, a iluminação precária põe em risco a vida do motorista. Segundo o consultor de trânsito Laurindo Junqueira, a mudança de luminosidade na entrada ou na saída de um túnel pode levar a uma cegueira momentânea e provocar acidentes.
"Quem está dirigindo pode não perceber que o trânsito parou, ou pode deixar de enxergar uma curva, um movimento repentino, ou pode, também, frear bruscamente", afirma o especialista. "De qualquer forma, a condução do veículo fica prejudicada."
O administrador Oliver Conovalov, 24, quase bateu o carro no meio-fio do túnel sob a praça Roosevelt. Ele conta que demorou para enxergar a calçada. "A iluminação é muito fraca. É perigoso."
Segundo o professor da Universidade de Brasília, David Duarte Lima, esse tipo de perigo decorre da não-observação de uma regra simples: ver e ser visto. Segundo Lima, a dificuldade para enxergar é o que torna a entrada de túneis um dos pontos considerados mais críticos no trânsito.
Tanto Lima quanto Junqueira concordam que uma iluminação mais eficiente poderia diminuir os riscos. Essa também é a opinião de Elisabeto Ribeiro Gonçalves, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Ele explica que, quanto mais escuro for o túnel, mais tempo demora para a visão se adaptar. "Se o túnel for bem iluminado logo na entrada, a diferença de luminosidade vai ser menor e a adaptação vai ser mais rápida, oferecendo menos perigos", afirma.
A situação em alguns túneis de São Paulo, no entanto, é oposta à recomendável. Uma das entradas da passagem sob a praça Roosevelt (sentido leste), por exemplo, tem uma lâmpada acesa e pelo menos 15 apagadas. A saída desse mesmo túnel (sentido oeste) tem trechos em completa escuridão.
Os túneis de São Paulo têm outros problemas de manutenção, além da iluminação. Alguns deles têm goteiras, infiltrações, vazamentos e oferecem pouca segurança para o pedestre.
Além da falta de luz, quem atravessar um túnel a pé enfrentará outros problemas. No complexo Maria Maluf, por exemplo, não há barra de proteção para o pedestre em alguns trechos do túnel.
Ao ser procurado pela Folha, o coordenador de manutenção dos túneis da Secretaria de Infra-Estrutura Urbana (Siurb), Marcos Thobias, informou que a passagem sob a praça Roosevelt será interditada para manutenção.


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