São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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EDUCAÇÃO

Porto Alegre não adere à realização do Saeb

Tarso Genro como prefeito vetou o teste do Tarso Genro ministro

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Se quiser mesmo aplicar o Saeb (exame do MEC que avalia a qualidade da educação) na quarta e na oitava séries de todas as escolas neste ano, o ministro da Educação, Tarso Genro, terá que enfrentar uma resistência à prova estabelecida pela Prefeitura de Porto Alegre em 1995, justamente quando ele era o prefeito da cidade.
Tarso Genro ocupou o cargo em dois mandatos, de 1993 a 1996 e de 2001 a 2002. Porto Alegre, administrada pelo PT desde 1989, foi a única capital estadual do Brasil a se recusar a fazer o Saeb no ano passado, quando o Partido dos Trabalhadores já havia assumido o governo federal e o ministro da Educação era o hoje senador Cristovam Buarque (PT-DF).
A resistência ao exame, no entanto, vem desde o primeiro mandato de Genro como prefeito. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, desde 1995 sua rede de ensino não participa oficialmente por se opor à filosofia do Saeb.
De 1995 a 2001 (o exame é feito a cada dois anos), algumas escolas da rede municipal de Porto Alegre participaram do exame.
No entanto, segundo o coordenador do ensino fundamental da Secretaria Municipal de Educação, Ivam Martins, essa adesão não foi oficial: "O teste é mandado diretamente para as escolas. Elas são livres para participar, mas o posicionamento oficial da secretaria é que elas não deveriam".
Ainda segundo Martins, a decisão de não participar oficialmente do Saeb foi tomada em 1995 com o conhecimento do então prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro.
O Saeb é o principal instrumento do MEC para avaliar a qualidade da educação brasileira. O exame é feito desde 1990 e está na sua sétima edição. Até o ano passado, ele era aplicado por amostragem, ou seja, apenas algumas turmas de quarta e de oitava séries do ensino fundamental e do terceiro ano do ensino médio faziam a prova.

Universalização
No Saeb deste ano, pela primeira vez o MEC pretende realizar a prova na quarta e na oitava séries de todas as escolas do país.
O ministro Tarso Genro tem afirmado que a universalização do exame é um dos pontos que permitirão ao ministério elaborar um diagnóstico mais preciso sobre o que precisa ser feito para melhorar a qualidade da educação brasileira.
Para garantir que o exame seja realmente universalizado, será preciso convencer a prefeitura da capital do Rio Grande do Sul a participar oficialmente da prova. Ivam Martins, da secretaria, afirma que o município fará uma proposta de alterações em alguns pontos do Saeb em conjunto com outras cidades.
Martins diz que Porto Alegre não é contra avaliações externas. "Quando tomamos essa decisão de não participar do Saeb, concluímos que o Saeb era um exame muito geral, que não levava em conta questões regionais e locais. Como temos um projeto diferenciado que vai além do conteúdo cognitivo [processo de aquisição de conhecimento] ou do saber escolarizado, avaliamos que o exame não levava em conta essas peculiaridades", afirma.
Ele afirma ainda que o Saeb é um "exame estritamente cognitivo", que "não leva em conta as necessidades da comunidade" onde a escola está localizada.
"O currículo de nossas escolas é montado a partir de uma discussão feita em cada comunidade, e o Saeb não leva em conta isso."


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