|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Porto Alegre não adere à realização do Saeb
Tarso Genro como prefeito vetou o teste do Tarso Genro ministro
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Se quiser mesmo aplicar o Saeb
(exame do MEC que avalia a qualidade da educação) na quarta e
na oitava séries de todas as escolas
neste ano, o ministro da Educação, Tarso Genro, terá que enfrentar uma resistência à prova estabelecida pela Prefeitura de Porto
Alegre em 1995, justamente quando ele era o prefeito da cidade.
Tarso Genro ocupou o cargo em
dois mandatos, de 1993 a 1996 e de
2001 a 2002. Porto Alegre, administrada pelo PT desde 1989, foi a
única capital estadual do Brasil a
se recusar a fazer o Saeb no ano
passado, quando o Partido dos
Trabalhadores já havia assumido
o governo federal e o ministro da
Educação era o hoje senador Cristovam Buarque (PT-DF).
A resistência ao exame, no entanto, vem desde o primeiro mandato de Genro como prefeito. De
acordo com a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre,
desde 1995 sua rede de ensino não
participa oficialmente por se opor
à filosofia do Saeb.
De 1995 a 2001 (o exame é feito a
cada dois anos), algumas escolas
da rede municipal de Porto Alegre
participaram do exame.
No entanto, segundo o coordenador do ensino fundamental da
Secretaria Municipal de Educação, Ivam Martins, essa adesão
não foi oficial: "O teste é mandado
diretamente para as escolas. Elas
são livres para participar, mas o
posicionamento oficial da secretaria é que elas não deveriam".
Ainda segundo Martins, a decisão de não participar oficialmente
do Saeb foi tomada em 1995 com
o conhecimento do então prefeito
de Porto Alegre, Tarso Genro.
O Saeb é o principal instrumento do MEC para avaliar a qualidade da educação brasileira. O exame é feito desde 1990 e está na sua
sétima edição. Até o ano passado,
ele era aplicado por amostragem,
ou seja, apenas algumas turmas
de quarta e de oitava séries do ensino fundamental e do terceiro
ano do ensino médio faziam a
prova.
Universalização
No Saeb deste ano, pela primeira vez o MEC pretende realizar a
prova na quarta e na oitava séries
de todas as escolas do país.
O ministro Tarso Genro tem
afirmado que a universalização
do exame é um dos pontos que
permitirão ao ministério elaborar
um diagnóstico mais preciso sobre o que precisa ser feito para
melhorar a qualidade da educação brasileira.
Para garantir que o exame seja
realmente universalizado, será
preciso convencer a prefeitura da
capital do Rio Grande do Sul a
participar oficialmente da prova.
Ivam Martins, da secretaria, afirma que o município fará uma
proposta de alterações em alguns
pontos do Saeb em conjunto com
outras cidades.
Martins diz que Porto Alegre
não é contra avaliações externas.
"Quando tomamos essa decisão
de não participar do Saeb, concluímos que o Saeb era um exame
muito geral, que não levava em
conta questões regionais e locais.
Como temos um projeto diferenciado que vai além do conteúdo
cognitivo [processo de aquisição
de conhecimento] ou do saber escolarizado, avaliamos que o exame não levava em conta essas peculiaridades", afirma.
Ele afirma ainda que o Saeb é
um "exame estritamente cognitivo", que "não leva em conta as necessidades da comunidade" onde
a escola está localizada.
"O currículo de nossas escolas é
montado a partir de uma discussão feita em cada comunidade, e o
Saeb não leva em conta isso."
Texto Anterior: Amazonas: Hotéis assinam termo contra prostituição Próximo Texto: Outro lado: MEC vai tentar convencer cidade a aceitar exame Índice
|