São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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"Quero que se faça justiça", diz doméstica espancada no Rio

Após receber alta de hospital, Sirlei afirmou querer que agressores "paguem'

A polícia do Rio prendeu ontem mais dois rapazes acusados pelo crime, sendo que um deles se entregou no fim da noite no 16º DP

DA SUCURSAL DO RIO

"Quero que se faça justiça", afirmou à Folha a empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, 32, após receber alta do hospital Barra D'Or, ontem, no Rio. Ela foi espancada e roubada por cinco jovens na madrugada de sábado, quando estava em um ponto de ônibus na av. Lúcio Costa, na Barra da Tijuca (zona oeste). Ela seguia para uma consulta médica.
"Eu quero que eles paguem, não sei como", disse ela, ao ser questionada se pretendia pedir indenização às famílias dos rapazes de classe média que identificou como seus agressores. Três suspeitos foram presos no sábado, e outros dois, ontem.
A doméstica foi espancada às 4h30 de sábado. Outras duas mulheres que estavam no ponto de ônibus também teriam sido agredidas. Um dos detidos disse à polícia que o grupo pensou que a vítima era prostituta.
"Mesmo que [as outras mulheres que estavam no ponto de ônibus] fossem prostitutas, não tinham que fazer [as agressões]", afirmou Sirlei.
"Foram muitos chutes, pontapés, socos, cotoveladas", descreveu ela. Mostrando o braço roxo e inchado, Sirlei disse que tentou se defender em vão das agressões. "Coloquei para proteger o rosto, mas eles ficaram chutando o meu braço."
Segundo a doméstica, não houve dúvida para reconhecer os agressores. "O reconhecimento foi imediato."
A polícia do Rio prendeu ontem de manhã o universitário Rubens Arruda, 19, acusado de ser um dos agressores. Seu pai, o empresário do setor naval Ludovico Ramalho Bruno, indicou o local em que ele estava, a casa de um amigo na Ilha do Governador (zona norte).
O estudante de turismo Rodrigo Bassalo, 20, que estava foragido, se entregou às 23h15 acompanhado de advogados no 16º DP (Barra da Tijuca), onde passaria a noite preso. Ele não falou com a imprensa.
A partir da placa do carro usado pelos rapazes, anotada por um taxista que testemunhou a agressão, a polícia prendeu no sábado o estudante de direito Felipe Macedo Nery Neto, 20. Ele admitiu o espancamento, disse que o grupo pensava que a vítima fosse uma prostituta e deu os nomes dos demais rapazes. Foram presos então Júlio Junqueira, 21, dono de um quiosque na praia da Barra e estudante de gastronomia, e Leonardo de Andrade, 19, técnico em informática.
Ontem, quando negociava a apresentação do filho à polícia, na 37ª DP (Ilha do Governador), o empresário Ludovico Bruno tornou-se vítima de um conflito na Ilha do Governador entre a PM e traficantes.
Por volta das 9h, o empresário estava em um banco, na entrada, quando o local foi metralhado. Uma das balas atingiu suas pernas de raspão. "Não morri porque Deus não quis."
Contratado pelo empresário José Maria Souza Mota, patrão de Sirlei, para representá-la, o advogado Marcus Fontenele disse que entrará na Justiça contra os suspeitos com uma ação civil por danos morais, físicos, estéticos e financeiros.
De acordo com o delegado Carlos Augusto Pinto Nogueira, Nery Neto é o único dos quatro presos que mantém uma "postura agressiva". Os demais dizem estar arrependidos e não param de chorar. O delegado indiciou os cinco por tentativa de latrocínio.
O advogado de Andrade, Paulo Scheele, disse que seu cliente não participou do espancamento. A Folha não conseguiu ouvir pais e advogados dos demais. (SERGIO TORRES, MALU TOLEDO e MÁRCIA BRASIL)


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