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entrevista
"Existem crimes piores", diz pai de jovem agressor
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O microempresário Ludovico Ramalho Bruno, 46, disse acreditar que o filho Rubens Arruda, 19, estava alcoolizado ou drogado quando participou do espancamento da empregada doméstica Sirlei Pinto. "Uma pessoa normal vai fazer uma
agressão dessa?", perguntou
ele após ter sido vítima de
um tiroteio na delegacia.
Dono de uma firma de passeios turísticos marítimos,
Bruno afirmou que o filho
não deveria ser preso, para
não conviver com criminosos na cadeia. "Foi uma coisa
feia que eles fizeram? Foi.
Não justifica o que fizeram.
Mas prender, botar preso,
juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que
têm estudo, que têm caráter,
junto com uns caras desses?
Existem crimes piores."
Se forem indiciados, os
acusados vão responder por
tentativa de latrocínio (pena
de 7 a 15 anos de prisão em
caso de condenação) e lesão
corporal dolosa (de 1 a 8 anos
de prisão).
Folha - O sr. acredita na acusação contra seu filho?
Ludovico Ramalho Bruno - Eles
não são bandidos. Tem que
criar outras instâncias para
puni-los. Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso. Eles cometeram erro? Cometeram.
Mas não vai ser justo manter
crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham, presos. É desnecessário, vai marginalizar lá
dentro. Foi uma coisa feia
que eles fizeram? Foi. Não
justifica o que fizeram. Mas
prender, botar preso, juntar
eles com outros bandidos...
Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto
com uns caras desses? Existem crimes piores.
Folha - O sr. já falou com ele?
Bruno - Não. É um deslize na
vida dele. E vai pagar caro.
Está detido, chorando, desesperado. Daqui vai ser
transferido. Peço ao juiz que
dê a chance para cuidarmos
dos nossos filhos. Peguei a
senhora que foi agredida,
abracei, chorei com ela e pedi
perdão. Foi a primeira coisa
que fiz quando vi a moça, foi
o mínimo que pude fazer.
Não é justo prender cinco jovens que estudam, que trabalham, que têm pai e mãe, e
juntar com bandidos que a
gente não sabe de onde vieram. Imagina o sofrimento
desses garotos.
Folha - O sr. acha que eles tinham bebido ou usado droga?
Bruno - Estamos com epidemia de droga. A droga tomou
conta do Brasil. O inimigo do
brasileiro é a droga. Tem que
legalizar isso. Botar nas farmácias, nos hospitais. Com
esse dinheiro que vai ser arrecadado, pagar clínicas, botar os viciados lá, controlar a
droga.
Folha - Mas o sr. acha que eles
poderiam estar embriagados ou
drogados?
Bruno - Mas é lógico. Uma
pessoa normal vai fazer uma
agressão dessa? Lógico que
não. Lógico que estavam embriagados, lógico que podiam
estar drogados. Eu nunca vi
[o filho usar droga]. Mas como posso falar de um jovem
de 19 anos que está na rua
numa epidemia de droga,
com essas festas rave, essas
loucuras todas.
Folha - Como é o seu filho em
casa?
Bruno - Fica no computador,
vai à praia, estuda, trabalha
comigo. Uma pessoa normal,
um garoto normal.
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