São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Queda de guindaste de 45 m mata 4 operários na marginal

Segundo a polícia, falha em pino fez com que braços da grua se dobrassem ao meio

Construtora responsável pela obra afirma que funcionários usavam os equipamentos exigidos e que as normas de segurança foram respeitadas

CARLA MONIQUE BIGATTO
DO "AGORA"

Quatro operários morreram na tarde de ontem após a queda de um guindaste de 45 metros, o equivalente a um prédio de 12 andares, enquanto trabalhavam na construção de um shopping no Itaim Bibi (zona oeste).
O grupo montava uma grua -espécie de guindaste- que levaria materiais de construção para o alto do prédio, na esquina da marginal Pinheiros com a avenida Juscelino Kubitschek.
De acordo com a polícia, uma falha nos pinos de segurança do equipamento fez com que os braços da grua se dobrassem ao meio, provocando a queda.
Dois funcionários morreram ao cair do guindaste. Outro operário, que ficou pendurado na estrutura e foi resgatado com vida, não resistiu e morreu a caminho do hospital. A quarta vítima fatal foi prensada entre as ferragens do guindaste.
A construtura W. Torres, responsável pela obra, afirmou que os operários estavam com todos os equipamentos de proteção exigidos para a atividade e que todas as normas de segurança foram respeitadas.
Segundo a empresa, o único sobrevivente -Severino Alves, 37- sofreu ferimentos nas mãos, foi encaminhado ao Hospital das Clínicas e passa bem.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, ele estava consciente e apavorado. Os mortos são Joselito de Oliveira, 42, Félix Teotônio dos Santos, 48, Francisco Alexandre de Oliveira, 28, e José da Silva, 24.
O flanelinha Maurício da Silva Freitas, 28, contou ter visto o momento em que os funcionários caíram. "Escutei um estrondo, vi muita poeira subindo e ferros retorcidos caindo. A porta da cabine da grua abriu e um dos operários caiu de braços abertos", disse.
Segundo o delegado Nelson Caneloi Júnior, da Delegacia de Acidentes do Trabalho, já existia um inquérito para investigar denúncias de falta de segurança dos trabalhadores que atuavam nessa obra.
A investigação, de acordo com Caneloi Júnior, começou em maio último para apurar denúncias de fiação elétrica malfeita. O delegado diz acreditar que o acidente tenha sido provocado pela queda do pino de segurança. "Pelo que vi, houve defeito na máquina."
O presidente do sindicato dos trabalhadores nas indústrias da construção civil da capital, Antônio de Sousa Ramalho, afirma que a obra contém outras falhas de segurança, como falta de bandejas nas margens da construção para amparar a queda de objetos.
Na opinião de Ramalho, a obra será embargada pelo Ministério do Trabalho. Hoje, três funcionários do órgão vão vistoriar o local. A obra fica ao lado da Daslu. No prédio -uma construção que pertencia à Eletropaulo e ficou abandonada por anos- será instalado um shopping center. O estabelecimento, ainda sem nome, deve ser inaugurado em 2009.


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