São Paulo, Sábado, 26 de Junho de 1999
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Estréia e partidos facilitam cassação

da Reportagem Local

O deputado estadual Hanna Garib (suspenso do PPB) tem contra ele, na Assembléia Legislativa, pelo menos duas variáveis políticas que pesam a favor do vereador Vicente Viscome (expulso do PPB) na Câmara: composição partidária da Casa e tempo de mandato.
A opinião é de vereadores e deputados ouvidos pela Folha. Eles acreditam que, apesar de as acusações e as provas contra os parlamentares serem muito parecidas, essas diferenças podem explicar o desfecho das votações, caso Garib seja cassado e Viscome, absolvido. O pedido de cassação de Viscome será votado na segunda-feira. O de Garib, na terça.
"O Garib acabou de chegar à Assembléia e não sabe nada de ninguém", disse um vereador da oposição. "Aqui (na Câmara), há barganha. Alguns vereadores têm medo de que o Viscome resolva falar o que sabe. Tem muito vereador com rabo preso."
"Na Câmara o Garib fez muito favor e até conseguiria barganhar. Mas os deputados não devem nada para ele", completou um vereador que costuma votar com o governo.
"Para a gente, o Garib é o único problema. Se o punirmos, alteraremos o cenário de desaprovação do Legislativo. Na Câmara, a cassação abre um precedente enorme porque já existem outras denúncias. Talvez por isso exista muita gente interessada em evitar a cassação", concordou um deputado.
Além do tempo de Casa, a diferença entre a composição partidária da Assembléia e a da Câmara é outra variável que pode definir o resultado das votações.
Como ambas são secretas, os parlamentares não terão responsabilidade pública por seus votos.
As bancadas antimalufistas na Assembléia somam 50 parlamentares -53% do total. Estão incluídos na conta os representantes do PSDB, do PT, do PDT, do PPS, do PC do B e do PSB. Para que a cassação de Garib seja aprovada, são necessários 48 votos -50% do total mais um.
"Fizemos os cálculos em uma reunião ontem (quinta). Devemos chegar a 60 votos (pela cassação)", disse um deputado. Além de todos os antimalufistas, os defensores da cassação contam com cerca de dez votos distribuídos entre o PPB, o PL, o PFL e o PMDB.
"Podem somar porque vamos mesmo dar uma resposta ao clamor social", disse outro deputado, dono de um dos dez votos que viriam do malufismo.
Na Câmara, o antimalufismo tem 20 vereadores -36% do total. Estão incluídos na conta os representantes dos seguintes partidos: PT, PSDB, PSB, PDT e PC do B. Soma-se à minoria parlamentar da oposição uma exigência mais rígida para a cassação. Na Câmara, o vereador perde o mandato se dois terços votarem a favor da cassação, ou seja, 37 vereadores. (SC)

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