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OAB vê falha em inquérito sobre PCC
DO "AGORA"
A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) enviou ontem ofício à Polícia Militar pedindo explicações sobre supostas falhas no
inquérito que apura possíveis
abusos na operação policial contra integrantes do PCC (Primeiro
Comando da Capital).
No último dia 5 de março, 12 supostos integrantes da facção criminosa foram mortos durante tiroteio na rodovia Senador José
Ermírio de Moraes, conhecida como Castelinho, próximo a Sorocaba (a 100 km de São Paulo). Cerca de cem PMs interceptaram um
ônibus em que estava o grupo.
No ofício encaminhado para o
presidente interino do inquérito
militar, coronel Fernando Pereira,
a OAB aponta 17 possíveis falhas
no decorrer das investigações feitas pela Justiça Militar.
Entre os equívocos apontados
pela OAB, destaca-se a ausência
dos depoimentos dos presos Evaristo Abreu Santos e Joelson Zeferino de Araújo, os únicos que sobreviveram. Para a OAB, a dupla
poderia esclarecer uma das principais dúvidas da investigação: os
objetivos dos criminosos. Isso
porque, segundo a OAB, há contradições entre as versões fornecidas pela polícia.
A primeira delas -a de que o
grupo roubaria R$ 28 milhões de
um avião que pousaria em Sorocaba- não foi confirmada por
um funcionário do Departamento Aeroviário do Estado de São
Paulo. "O funcionário disse que
no dia do tiroteio não havia previsão de chegada de nenhum avião
com malotes de dinheiro", afirmou o coordenador-geral da comissão, João José Sady.
A segunda versão da polícia era
a de que os bandidos iriam resgatar presos. "O nome da cadeia que
seria o alvo, porém, nem foi divulgado", disse Sady.
Segundo a OAB, a maneira como os policiais descobriram os
planos da quadrilha também não
foi explicada no inquérito.
A versão oficial foi a de que a
polícia grampeou os telefones de
alguns membros do bando. "Só
que as fitas e o mandado judicial
da escuta telefônica não foram
anexados ao inquérito. Sem contar que durante os depoimentos
dos policiais eles disseram que
descobriram os planos em investigações sem escuta."
Pedido da OAB
O comando-geral da PM informou ontem que pretende atender
ao pedido feito pela OAB.
De acordo com o chefe do setor
de comunicação da Polícia Militar, tenente-coronel Eliseu Leite
de Moraes, até o final da tarde de
ontem o coronel Fernando Pereira, presidente interino do inquérito, não havia recebido oficialmente o ofício da comissão da OAB e,
por isso, a corporação não poderia se manifestar.
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