São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OAB vê falha em inquérito sobre PCC

DO "AGORA"

A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) enviou ontem ofício à Polícia Militar pedindo explicações sobre supostas falhas no inquérito que apura possíveis abusos na operação policial contra integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
No último dia 5 de março, 12 supostos integrantes da facção criminosa foram mortos durante tiroteio na rodovia Senador José Ermírio de Moraes, conhecida como Castelinho, próximo a Sorocaba (a 100 km de São Paulo). Cerca de cem PMs interceptaram um ônibus em que estava o grupo.
No ofício encaminhado para o presidente interino do inquérito militar, coronel Fernando Pereira, a OAB aponta 17 possíveis falhas no decorrer das investigações feitas pela Justiça Militar.
Entre os equívocos apontados pela OAB, destaca-se a ausência dos depoimentos dos presos Evaristo Abreu Santos e Joelson Zeferino de Araújo, os únicos que sobreviveram. Para a OAB, a dupla poderia esclarecer uma das principais dúvidas da investigação: os objetivos dos criminosos. Isso porque, segundo a OAB, há contradições entre as versões fornecidas pela polícia.
A primeira delas -a de que o grupo roubaria R$ 28 milhões de um avião que pousaria em Sorocaba- não foi confirmada por um funcionário do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo. "O funcionário disse que no dia do tiroteio não havia previsão de chegada de nenhum avião com malotes de dinheiro", afirmou o coordenador-geral da comissão, João José Sady.
A segunda versão da polícia era a de que os bandidos iriam resgatar presos. "O nome da cadeia que seria o alvo, porém, nem foi divulgado", disse Sady.
Segundo a OAB, a maneira como os policiais descobriram os planos da quadrilha também não foi explicada no inquérito.
A versão oficial foi a de que a polícia grampeou os telefones de alguns membros do bando. "Só que as fitas e o mandado judicial da escuta telefônica não foram anexados ao inquérito. Sem contar que durante os depoimentos dos policiais eles disseram que descobriram os planos em investigações sem escuta."

Pedido da OAB
O comando-geral da PM informou ontem que pretende atender ao pedido feito pela OAB.
De acordo com o chefe do setor de comunicação da Polícia Militar, tenente-coronel Eliseu Leite de Moraes, até o final da tarde de ontem o coronel Fernando Pereira, presidente interino do inquérito, não havia recebido oficialmente o ofício da comissão da OAB e, por isso, a corporação não poderia se manifestar.



Texto Anterior: Justiça: Juiz impede volta de atirador à faculdade
Próximo Texto: Segurança: Vigia alega salários atrasados e faz 3 colegas reféns por 5 horas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.