DA REPORTAGEM LOCAL

Três veículos encapados com plástico preto chamam a atenção no pátio de um prédio de aspecto antigo no Bom Retiro (centro). Meio empoeirados, são os exemplares mais antigos mantidos pelo Estado de carros da saúde a motor.
"Esse aqui servia para levar os soldados da saúde", diz o monitor José Fernando da Silva, 55, há 36 anos na secretaria, ao apontar para um Fiat 1918. Os soldados da saúde eram os responsáveis por colocar em prática as medidas sanitárias da época. À força, se preciso -eles andavam armados.
Além do Fiat, outros dois carros de 1911 também estavam cobertos. Um deles andava pela cidade para fazer "desinfecção" e outro transportava pacientes. "Eles ainda andam", diz Silva.

Memória
A última vez em que foram expostos foi no ano passado. Estão parados desde que o museu Emílio Ribas, que os abriga, está em reforma. As obras terminam até o final do ano, após um investimento de R$ 4,3 milhões, entre reforma e compra de equipamentos.
Ali vai funcionar um complexo que reunirá documentação histórica relativa à saúde no Estado -são vídeos, fotos, registros de pacientes hoje armazenadas em salas inadequadas e sacolas improvisadas.
Há curiosidades, como cartazes elaborados pelo "departamento de propaganda" no fim da década de 30 e que falavam do combate à sífilis e à tuberculose e fotos dos soldados da saúde preparados para sair às ruas da cidade.
O prédio do centro é de 1893 e abrigava o Desinfetório Central, onde os imigrantes chegavam para submeter roupas e mantimentos a esterilização. Com a reforma, o local ganhou um auditório para exibição de vídeos, sala de aula para capacitação de servidores públicos e adaptações para portadores de necessidade especial.
De acordo com Alexandre Grangeiro, diretor do Instituto de Saúde, a intenção é abrir a visitação a escolas e a estudantes interessados em fazer pesquisas.


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