São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

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Projeto lista obras de arte expostas em hospitais

Meta da medida é catalogar esculturas, bustos, móveis e estilos arquitetônicos

Governo paulista, que não sabe o tamanho do acervo, iniciou um trabalho de oito meses, que disponibilizará fichas técnicas na internet


RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo começou a identificar e catalogar todas as obras de arte das 133 unidades subordinadas a ela, incluindo hospitais como o Emílio Ribas e o das Clínicas. O trabalho deve durar oito meses.
A pesquisa iniciada há duas semanas visa descobrir qual é o acervo, que o próprio Instituto da Saúde, responsável pelo trabalho, desconhece -não sabe sequer quantas obras mantêm sob sua guarda. "Cada serviço de saúde está identificando o material", afirmou o diretor do Instituto de Saúde, Alexandre Grangeiro. Os dados são enviados por fax ou e-mail; a etapa deve durar dois meses.
Em seguida, começa a catalogação, prevista para durar seis meses. Pesquisadores irão às unidades para identificar o valor histórico da obra e saber se a peça é original ou uma réplica.
Entre as peças estão quadros, esculturas, bustos, móveis de valor histórico e diferenciais arquitetônicos. "Muitas obras são documentos históricos, feitos por pacientes, e retratam, em uma época, como era a relação deles com a doença."
Em uma terceira fase, planeja-se oferecer ao público, pela internet, informações sobre o material catalogado. Segundo Alexandre Grangeiro, o banco de dados estará na internet e as peças nos hospitais receberão identificação. Não haverá custos, porque todo o trabalho será feito com equipe da secretaria.

Raridades
A capela do Hospital das Clínicas, por exemplo, tem esculturas de Victor Brecheret (1894-1955) em terracota (argila cozida) e madeira que retratam a via crúcis. São réplicas -as originais estão na Pinacoteca do Estado desde 1982.
Há ainda vitrais baseados em desenhos de Di Cavalcanti (1897-1976), idealizador e organizador da Semana de Arte Moderna de 1922. Afrescos do desenhista, pintor e muralista Fulvio Pennacchi (1905-1992) também decoram a capela, no 11º andar do prédio do HC.
No Instituto de Infectologia Emílio Ribas, há quadros com motivos religiosos sem autor definido e um busto do médico que dá nome ao hospital.
Em Guarulhos (Grande SP), no hospital Padre Bento, erguido em 1931 para portadores de hanseníase, as pérgulas (colunas paralelas que servem de abrigo a trepadeiras) serão listadas. "Era o lugar onde os hansenianos recebiam os parentes para conversar. Naquele tempo eles não tinham contato físico", diz a diretora Madalena Bazzo.


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