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Projeto lista obras de arte expostas em hospitais
Meta da medida é catalogar esculturas, bustos, móveis e estilos arquitetônicos
Governo paulista, que não sabe o tamanho do acervo, iniciou um trabalho de oito meses, que disponibilizará fichas técnicas na internet
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo começou a
identificar e catalogar todas as
obras de arte das 133 unidades
subordinadas a ela, incluindo
hospitais como o Emílio Ribas
e o das Clínicas. O trabalho deve durar oito meses.
A pesquisa iniciada há duas
semanas visa descobrir qual é o
acervo, que o próprio Instituto
da Saúde, responsável pelo trabalho, desconhece -não sabe
sequer quantas obras mantêm
sob sua guarda. "Cada serviço
de saúde está identificando o
material", afirmou o diretor do
Instituto de Saúde, Alexandre
Grangeiro. Os dados são enviados por fax ou e-mail; a etapa
deve durar dois meses.
Em seguida, começa a catalogação, prevista para durar seis
meses. Pesquisadores irão às
unidades para identificar o valor histórico da obra e saber se a
peça é original ou uma réplica.
Entre as peças estão quadros,
esculturas, bustos, móveis de
valor histórico e diferenciais
arquitetônicos. "Muitas obras
são documentos históricos, feitos por pacientes, e retratam,
em uma época, como era a relação deles com a doença."
Em uma terceira fase, planeja-se oferecer ao público, pela
internet, informações sobre o
material catalogado. Segundo
Alexandre Grangeiro, o banco
de dados estará na internet e as
peças nos hospitais receberão
identificação. Não haverá custos, porque todo o trabalho será
feito com equipe da secretaria.
Raridades
A capela do Hospital das Clínicas, por exemplo, tem esculturas de Victor Brecheret
(1894-1955) em terracota (argila cozida) e madeira que retratam a via crúcis. São réplicas
-as originais estão na Pinacoteca do Estado desde 1982.
Há ainda vitrais baseados em
desenhos de Di Cavalcanti
(1897-1976), idealizador e organizador da Semana de Arte Moderna de 1922. Afrescos do desenhista, pintor e muralista
Fulvio Pennacchi (1905-1992)
também decoram a capela, no
11º andar do prédio do HC.
No Instituto de Infectologia
Emílio Ribas, há quadros com
motivos religiosos sem autor
definido e um busto do médico
que dá nome ao hospital.
Em Guarulhos (Grande SP),
no hospital Padre Bento, erguido em 1931 para portadores de
hanseníase, as pérgulas (colunas paralelas que servem de
abrigo a trepadeiras) serão listadas. "Era o lugar onde os hansenianos recebiam os parentes
para conversar. Naquele tempo
eles não tinham contato físico",
diz a diretora Madalena Bazzo.
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