São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

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Delegado agora é denunciado por dinheiro não-declarado

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

O delegado André Di Rissio, 42, afastado da presidência da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo após ser preso no mês passado, foi denunciado pelo Ministério Público Federal por crime contra o sistema financeiro, "por manter no exterior valores não declarados à Receita Federal".
O caso está sob sigilo, e os procuradores não revelaram a quantia mantida no exterior.
Di Rissio e o delegado Wilson Roberto Ordones -que atuava no aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas (SP), e também preso-, respondem ainda por posse ilegal de armas de fogo não registradas. Esse processo foi encaminhado para investigação por parte do Ministério Público Estadual. Ambos estão presos na capital. Ontem, o STJ negou pedido de habeas corpus a Di Rissio.
O Ministério Público Federal e a PF investigam mais um grupo de ao menos 15 pessoas suspeitas de atuar em esquema de fraude no aeroporto.
Di Rissio também foi denunciado por tráfico de influência. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal indicam que ele manipulou operações policiais do Deic (Departamento de Investigações do Crime Organizado) para supostamente beneficiar pessoas próximas.
Em uma das conversas gravadas com autorização da Justiça, Di Rissio pede ajuda ao pai dele, o desembargador do Tribunal de Justiça Eduardo Di Rissio Barbosa, para livrar um advogado de uma ação popular.
Nesse caso dos grampos em que é citado o pai de Di Rissio, o processo foi desmembrado e já foi encaminhado para apuração da Procuradoria Geral da República, em Brasília.
Documentos do Ministério Público também revelam que Di Rissio, apesar de ganhar cerca de R$ 6.000 por mês, morava em um apartamento avaliado em cerca de R$ 1 milhão e andava em carros importados.

Outro lado
Em carta encaminhada no dia 11 de julho ao site da Associação dos Delegados do Estado de São Paulo, o delegado Di Rissio nega as acusações e pede afastamento da presidência.
"Venho, através da presente, solicitar-lhe, e aos demais companheiros de diretoria e conselho, que seja-me dada licença da presidência dessa Casa. Porque, como é do conhecimento de todos, vi-me envolvido e denunciado por práticas jamais adotadas, que repugno e repulso com veemência", diz o trecho inicial. A carta é endereçada ao vice-presidente da associação e hoje presidente em exercício, Sérgio Marcos Roque. O advogado que defende Di Rissio nesse processo, Antonio Cláudio Maris de Oliveira, foi procurado ontem, por telefone, mas não foi localizado.
A Secretaria da Segurança Pública disse, por meio de sua assessoria de comunicação, que Di Rissio "nunca teve influência sobre decisão do Deic".


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