São Paulo, domingo, 26 de julho de 1998

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EPIDEMIA 3
Maioria dos pacientes é considerada "normal'; procura por ajuda aumentou entre 10% e 30% nos últimos 5 anos
Até os magros insistem em perder peso

da Reportagem Local

O maior contingente de pessoas que buscam ajuda para emagrecer não pertence à classe de pessoas consideradas acima do padrão ou obesas, mas das que são consideradas normais ou até magras.
Médicos ouvidos pela Folha afirmam que, nos últimos cinco anos, o número de pessoas que chegam aos consultórios querendo perder peso cresceu entre 10% e 30%.
"A maioria delas já é magra, mas insiste em emagrecer mais", afirma Marcio Mancini, médico do grupo de obesidade e doenças do metabolismo do Hospital das Clínicas, de São Paulo.
Mancini conta que a busca desesperada pela perda de peso já mudou até o exemplo dado pelos professores das escolas médicas. "Na década de 50, a miss Suécia era citada como um exemplo de peso ideal. O seu IMC (índice de massa corpórea) era 22,5. Hoje, ela é anoréxica porque tem o índice de uma pessoa doente, de 16."
O médico Ronaldo Laranjeira, responsável por um grupo de dependentes de álcool e drogas da Universidade Federal de São Paulo, diz que a maioria de suas pacientes são mulheres que não são gordas ou que nunca foram gordas, mas hoje estão dependentes das drogas inibidoras de apetite.
Mesmo sem drogas, a neurose de emagrecer a qualquer custo faz com que muitas mulheres comecem a sofrer de outras doenças, como bulimia e anorexia.
As bulímicas (que têm apetite insaciável e seguem estratégias para perder peso como jejuns prolongados, uso de laxantes e indução de vômitos) e as anoréxicas (que têm perda de apetite) representam cerca de 5% e 1% da população, respectivamente.
(LUCIA MARTINS e PRISCILA LAMBERT)


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