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EPIDEMIA 4
Cerca de 40% dos 200 pacientes do ambulatório do HC sofrem do "transtorno de comer compulsivo"
António Gaudério/Folha Imagem
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Priscila, que costumava comer meio quilo de chocolate por semana
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Compulsivo troca shopping por padaria
da Reportagem Local
Uma compulsão por comer que
faz com que algumas pessoas devorem barras de chocolate de 1/2
kg em alguns minutos, comam pacotes de biscoito e salgadinhos no
intervalo de grandes refeições e
que outras troquem vitrines de
shoppings pelas de padarias.
Essa "vontade de comer" exagerada é um transtorno que, em
grande parte dos obesos, se concentra em um período do dia,
principalmente se a pessoa passa
algumas horas sem se alimentar.
"Eu fico fascinada em uma vitrine de uma boa padaria. Quando
começava a comer um bom pãozinho, não parava mais. E sempre
com presunto, salame, queijo, iogurte, café. Eu tenho prazer em
comer", afirma Edna, 50, que
chegou a pesar 150 kg e hoje, após
um tratamento, está com 94 kg.
Dos cerca de 200 pacientes que
se tratam no Ambeso, ambulatório de obesos do Hospital das Clínicas, 40% sofrem do "transtorno
do comer compulsivo". Segundo
o coordenador do Ambeso, Adriano Segal, a síndrome faz com que
o obeso coma compulsivamente
em pouco tempo sem prestar
atenção no que está ingerindo.
As causas desse tipo de transtorno são uma mistura de algum desvio psiquiátrico (ansiedade, depressão etc.) com hábitos alimentares inadequados.
A orientadora familiar Priscila
Arap, 29, não comia muito à noite,
mas sofria com uma vontade de
comer compulsiva. "Meu problema sempre foi beliscar."
Beliscar para ela significa comer
barras inteiras de 1/2 kg de chocolate pelo menos duas vezes por semana, sacos de biscoito, pão e tudo que aparecia, principalmente
se estava nervosa no intervalo das
refeições. Seu restaurante preferido era o McDonald's, onde ela comia só um sanduíche, mas quatro
porções grandes de batata frita.
Essa receita fez com que Priscila,
1,63 m, atingisse 98 kg no ano passado. Hoje, depois de uma dieta
associada ao uso de um inibidor
de apetite, ela perdeu 18 kg. Hoje,
ela diz não sentir fome, apesar de
calcular que sua dieta representa
apenas 5% do que ela comia antes.
O mesmo problema atormenta a
professora Cleusa Graziano Modé,
49, 1,78 m e 117 kg. Mesmo fazendo regime, ela diz que ainda se engana algumas vezes e belisca.
Cleusa afirma que o que faz com
que ela coma ainda mais são as crises depressivas. "O problema é
que entro em depressão e a fome
aumenta."
(LUCIA MARTINS)
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