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CIVILIZAÇÃO
Pesquisador está estudando motivo que levava colonizadores a procurar o 'paraíso perdido' no Brasil
Historiador 'visita' cidades imaginárias
ROGER MODKOVSKI
da Agência Folha, em Curitiba
O historiador Johnni Langer, 30,
está visitando as origens das "cidades imaginárias" brasileiras para explicar por que os colonizadores do nosso território tinham de
acreditar no mito do "paraíso
perdido" para seguir em frente
com sua empreitada civilizatória
no Brasil.
Segundo Langer, em seu livro
"As Cidades Imaginárias do Brasil", os colonizadores portugueses sentiam a necessidade de pensar que havia na América civilizações desaparecidas ou escondidas,
lugares utópicos, onde iriam encontrar fortuna, fama, conhecimento e uma sociedade perfeita
-mas sempre nos moldes da civilização européia.
As cidades imaginárias são divididas em duas categorias: as petrificadas (formações geológicas semelhantes a obras humanas) e as
perdidas (conhecidas apenas por
meio de relatos fantasiosos).
O Brasil tem três cidades petrificadas conhecidas: Vila Velha
(PR), Sete Cidades (PI) e Paraúna
(GO), todas esculpidas na rocha
pela erosão. A geologia e a arqueologia derrubaram a hipótese de
que sejam obra de civilização.
As demais cidades, "construídas" em ouro, prata e pedras preciosas, existiram apenas na imaginação dos exploradores e do povo
-e, academicamente, são tratadas como mitos.
Langer pesquisa o tema desde
1982, quando leu "A Expedição
Fawcett", do coronel inglês Percy
Harrison Fawcett, que desbravou
o Brasil no início do século à procura de civilizações perdidas. Em
1996, defendeu como tese de mestrado suas cidades imaginárias.
No ano seguinte, Langer foi um
dos vencedores do Concurso Nacional de Ensaios, promovido pela
Secretaria de Estado da Cultura do
Paraná e pela Xerox do Brasil.
O historiador diz ter se limitado
à leitura do material bibliográfico
erudito para escrever a tese. Mas,
segundo ele, a literatura oral também dá grande contribuição ao estudo dessas lendas. "Cada lugar,
ainda hoje, tem sua denominação
própria de cidade imaginária."
Langer pesquisou em relatos de
conquistadores espanhóis e portugueses, bandeirantes, arqueólogos, geógrafos e viajantes do Brasil
Colônia até os dias de hoje.
Segundo o historiador, os exploradores eram pessoas "imaginativas", que vinham à América com
uma idéia preconcebida de que
aqui haveria algo mais que apenas
civilizações rudimentares.
Como diz, eles precisavam reformular "as situações inusitadas vivenciadas no remoto, para que se
adaptassem a parâmetros conhecidos, podendo desta forma ser
dominadas e controladas."
"As Cidades Imaginárias do Brasil" (Johnni Langer, 242 págs, R$ 8). Informações: (041)
224-0575
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