São Paulo, domingo, 26 de julho de 1998

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GAROTO DA HORA

O tenista Fernando Meligeni, 27, chegou na semana passada a sua melhor colocação da carreira no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), durante o torneio de Sttutgart, na Alemanha. É o 45º entre os 2.000 tenistas do mundo registrados na associação. Foi eliminado ao perder para Gustavo Kuerten.
Mas rivalidade, diz ele, só nas quadras. Nem popularidade ele quer disputar com o amigo. Diz que está feliz com o que tem.
Pelo menos profissionalmente, Meligeni vem levando vantagem sobre Guga nas quadras. Neste ano, enquanto Kuerten ainda não venceu nenhum torneio, Meligeni já levou o de Praga, na República Tcheca. Nas próximas três semanas, o jogador ainda disputa torneios na Áustria, na Holanda e no principado de San Marino.

Você chegou à sua melhor colocação no ranking da ATP. Qual é a meta para esse ano?
Olha, eu não tenho uma meta definida para o ranking. Não coloco o ranking como meta porque isso traz uma pressão muito grande. Ao melhorar o meu jogo, automaticamente o ranking vai aparecer. Você não é dez, 20, ou 50 do mundo por acaso. Eu sou 45 hoje, mas não estou jogando para isso, isso não existe.
Quanto tempo útil de carreira você ainda tem?
Um jogador vai no mínimo até os 30. Eu gostaria de, no mínimo, jogar de novo as Olimpíadas, as Olimpíadas de Sydney são uma meta que eu botei na cabeça. Até lá, eu vou ter 30 anos.
Como foi o jogo com o Guga?
Foi um jogo atípico, é complicado jogar com um amigo. A gente joga cada partida como se fosse uma guerra. E quando você joga contra uma pessoa que você admira, acaba não sendo como é normalmente. Nós jogamos bastante quietos, quase sem vibração, por não querer provocar e gritar, como rola de vez em quando dentro do campo.
E depois do jogo, como foi?
Assisti o jogo dele e depois viemos para o hotel, ficamos dando risada. Daqui a pouco eu vou ver o jogo dele de novo.
Nas Olimpíadas de Atlanta (96), você chegou a ser chamado de Meligênio. Em compensação, hoje, você tem a melhor colocação da carreira. Como você compara os dois momentos?
O momento das Olimpíadas foi um grande susto para todo mundo. Eu disputei medalha duas vezes e acabei terminando em quarto, o Brasil inteiro torcendo, e as pessoas falando tanto de mim, aí foi a hora de aparecer para a mídia, para o povão. Eu continuei o ano muito bem e apareceu o "boom" Guga. Mas não deixei de jogar bem. É normal que se olhe para o número um. Hoje, apesar de estar num melhor momento, para mim, o melhor resultado foi nas Olimpíadas.
Você sente falta da popularidade que tinha nessa época?
Eu gosto da popularidade que tenho hoje. As pessoas me reconhecem, mas tenho liberdade de fazer o que quero. Se eu pudesse escolher, ficaria com o que tenho.
Você tem tempo de namorar, ficando tanto tempo longe?
Está difícil de alguém me aguentar. Agora não estou namorando. Eu fico muito pouco tempo no Brasil, e é difícil se envolver como é preciso num relacionamento. Mas uma hora aparece.
Então, você está procurando?
Lógico. Mas hoje, minha carreira é prioridade. Para ficar comigo, tem que topar ser a número dois. Daqui a um tempo, se a pessoa ainda estiver comigo...



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