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MASSACRE NO CENTRO
Ex-integrante do grupo Carecas do ABC afirma que movimento nunca se voltou contra moradores de rua
Para ex-skinhead, suspeita é infundada
DA REPORTAGEM LOCAL
"Nunca ouvi discurso nenhum
de carecas contra moradores de
rua", conta Derek (nome fictício),
ex-integrante do grupo Carecas
do ABC, que chegou a ser detido
com outros 17 skinheads em 2000
quando o adestrador de cães homossexual Edson Neris da Silva,
35, foi espancado até a morte na
praça da República (centro).
Skinheads e outros grupos de
intolerância são alvo de investigação da polícia após a série de ataques a moradores de rua ocorrida
na última semana. Mas as autoridades também trabalham com
outras hipóteses, como possível
ação de traficantes de drogas ou
uma eventual briga entre os próprios moradores de rua.
"Nunca ouvi ninguém falando
mal de mendigo. O máximo que
poderia rolar, pelo que conheço
do discurso deles, seria dizer que
os moradores de rua são vítimas
do sistema que preferiram um caminho mais digno que roubar."
Derek afirma que, entre ex-companheiros de grupo, o tema
do ataque aos moradores de rua
da última semana já foi debatido e
que ninguém afirma saber do envolvimento de carecas ou skinheads na série de crimes que tem
mobilizado a cidade.
"São poucas as facções e, se alguma delas fosse autora dos crimes, com certeza alguém ficaria
sabendo", diz.
O ex-careca afirma, no entanto,
que esse movimento continua angariando novos membros, que
"entram para o grupo por causa
do medo que os carecas despertam nas pessoas".
Intolerância
O movimento dos skinheads, de
extrema direita, engloba jovens
de 16 a 30 anos e, em São Paulo,
surgiu no início dos anos 80.
Logo houve uma cisão que dividiu o grupo em duas facções: os
chamados carecas, de inclinação
nacionalista, e os "white-powers"
ou "nazi-skins", declaradamente
racistas, que têm como alvos principais homossexuais, negros, judeus, nordestinos e estrangeiros.
A violência é o traço comum
desses grupos, mas nem todas as
gangues abraçaram princípios
neonazistas.
(FERNANDA MENA)
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