São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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Presa morta não deveria estar no local, diz advogada

FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quitéria Silva Santos, 36, morta anteontem na rebelião, só estava na Penitenciária Feminina da Capital em virtude de um laudo psiquiátrico que autorizou sua saída da Casa de Custódia, em Franco da Rocha -destinada a presas com problemas psiquiátricos.
A advogada Sônia Drigo, do ITTC (Instituto Terra Trabalho e Cidadania), e Heidi Cerneka, da Pastoral Carcerária, afirmam que Santos tinha transtornos mentais e passou diversas vezes pela Casa de Custódia. Ela era medicada, passava alguns dias ou meses lá e voltava para prisões comuns.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, Santos estava na Casa de Custódia no início do ano, mas sua transferência foi autorizada. Ela foi levada para o Tatuapé, mas em maio, por problemas de relacionamento, foi novamente transferida.
"Todas as funcionárias ficaram chocadas. Ela era uma pessoa agressiva, mas tinha problemas", disse Cerneka.
Em março de 2003, membros do ITTC, da Acat (Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura) e da Pastoral Carcerária encontraram Santos, que estava de castigo, fechada em uma cela no Tatuapé.
Ela, conta Sônia Drigo, estava em uma cela escura e isolada. "Quando a encontramos, Quitéria estava trancada havia mais de 30 dias. Suja, nua e agressiva. A comida era jogada para dentro da cela."
A transferência foi autorizada para a Casa de Custódia, mas ela acabou retornando para prisões comuns. Para Drigo, o laudo não justifica a transferência. "A situação psiquiátrica dela era conhecida de todos."


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