São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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Entrevista

"Espero que encontrem o outro João"

DA REPORTAGEM LOCAL

João Pereira da Silva, o "João negro", não vê a hora de entrar no mar de Bertioga. Sem parentes, ia buscar ajuda com a Pastoral Carcerária e com amigos antigos para encontrar um lugar para passar sua primeira noite em liberdade e conseguir um emprego. Na saída da prisão, ele falou com a Folha e disse que espera que a polícia encontre o outro João.

 

FOLHA - Você sabia que seria solto?
JOÃO PEREIRA DA SILVA -
Não. Me chamaram, me deram uma roupa e disseram que eu podia ir embora. Também me deram um papel dizendo que estava livre.

FOLHA - O que você vai fazer agora?
SILVA -
Vou voltar para São Paulo e procurar emprego. Eu era açougueiro e quero continuar trabalhando. Mas antes vou cortar meu cabelo.

FOLHA - Do que mais sentiu falta enquanto estava preso?
SILVA -
Do mar. Não vejo a hora de ir para Bertioga. Foram meses perdidos da minha vida. Espero que a polícia encontre o outro João.

FOLHA - O que fazia na cadeia?
SILVA -
Nada. Conversava com o pessoal da cela [havia mais cinco com ele], jogava futebol e só. Quando tinha rebelião era pior, porque a gente não podia sair.

FOLHA - Qual foi a pior noite?
SILVA -
Todas. A gente não consegue dormir e fica esperando ser solto. Ainda mais quando não tem mais culpa.


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