São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Laudo do IC descarta fatalidade como causa de cratera

Peritos indicam 5 causas, além de fatores contribuintes, para a tragédia no metrô de Pinheiros, onde 7 pessoas morreram

Relatório aponta seqüência de explosões e falta de reforço em paredes do túnel; consórcio Via Amarela e Metrô não comentaram


KLEBER TOMAZ
ALENCAR IZIDORO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo concluiu seu laudo sobre a abertura do buraco do metrô de Pinheiros e descartou que a tragédia tenha sido resultado de uma fatalidade, como os pareceres do Consórcio Via Amarela indicam.
O laudo do órgão da Polícia Técnico-Científica tem 193 páginas, 400 fotos e mil documentos anexados. Conforme a Folha apurou, aponta cinco "causas preponderantes" e um leque de "fatores contribuintes" para a cratera. Não traz, assim, um motivo único para levar ao acidente que deixou sete mortos em janeiro de 2007.
Na lista das causas estão a seqüência de explosões para a abertura do túnel no solo de "rocha podre" -mesmo depois do rebaixamento do terreno.
O IC também considerou que, se as construtoras tivessem reforçado as paredes do túnel após os sinais de instabilidade, a cratera poderia ter sido evitada. O consórcio não concluiu a instalação de tirantes (estruturas de sustentação).
Peritos do IC que trabalharam na investigação relataram à Folha duas situações que resvalam em decisões do governo estadual -embora não as tenham incluído como causas.
Uma delas é a escolha do modelo de contrato, conhecido como "turn key" (chave na mão, numa tradução livre), que delega mais autonomia às empreiteiras. A outra, a profundidade da escavação. Para os peritos, se fosse 20 metros mais baixa, a característica do solo seria melhor e os riscos, menores.
Mesmo diante do terreno ruim, ressalvaram, há tecnologia suficiente para escavação no tipo de solo encontrado.
Os fatores citados pelo IC são semelhantes às conclusões do relatório do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Contratado pelo Metrô e divulgado em junho, ele não fez críticas diretas ao tipo de contrato, mas citou problemas na fiscalização da obra, a cargo da companhia, e na qualidade do material.
O promotor Arnaldo Hossepian disse que não recebeu cópia do novo laudo, mas, a partir de conversa com peritos do IC, afirmou estar satisfeito porque as conclusões da polícia e do IPT devem coincidir em 80%.
Via Amarela e Metrô disseram desconhecer os resultados do IC e não se manifestaram.


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