São Paulo, Quinta-feira, 26 de Agosto de 1999
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CRISE
Empresários já admitem que não terão caixa para pagar vales e salários; prefeitura e setor tentam acordo
Atrasos podem voltar a parar os ônibus

SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

O sistema de transportes coletivos de São Paulo pode voltar a parar nos próximos dias.
Isso porque os empresários não vão receber nenhum repasse da prefeitura em agosto e já admitem que podem atrasar o pagamento dos vales-transporte -R$ 9,3 milhões que devem ser entregues na segunda.
Segundo o Transurb (sindicato das empresas), o setor já tentou conseguir empréstimos para evitar o atraso dos pagamentos do dia 20. Não conseguiu, e os funcionários pararam na segunda.
Os bancos negaram o empréstimo porque a conta corrente da prefeitura está bloqueada, o que tira o valor da confissão de débito assinada pelo município.
A prefeitura afirma que a conta será desbloqueada na sexta. Não há nenhuma garantia, porém, que os empréstimos serão liberados em um prazo que permita que os vales sejam entregues em dia.
Além disso, no dia 5, as empresas devem pagar 60% dos salários -R$ 48,6 milhões. Os empresários não descartam novos atrasos.
Para setembro, a prefeitura deve repassar ao setor R$ 10 milhões de subsídio. O subsídio é a diferença entre o custo que as empresas tiveram para manter o sistema (salários, combustível etc.) e o que elas arrecadaram com as passagens.
O sistema custa hoje R$ 125 milhões. No primeiro semestre, as empresas transportaram em média 94,8 milhões de passageiros por mês. Isso significa que elas arrecadaram R$ 108 milhões (o cálculo usa R$ 1,14 por passageiro).
Deveriam ter recebido R$ 17 milhões da prefeitura, mas o montante não é pago integralmente há mais de um ano -o que soma uma dívida de R$ 176 milhões.
Em junho, o governo tentou fazer um acordo com os empresários: criou um calendário de pagamento e se comprometeu a combater os perueiros. Em troca, exigiu que o subsídio fosse fixado em R$ 10 milhões mensais até agosto e extinto a partir de setembro.
Pelo acordo, as empresas teriam recebido R$ 50 milhões desde junho, incluindo dívida e subsídio. A prefeitura pagou R$ 26 milhões.
Um novo acordo está sendo feito e já foi assinado por 15 das 52 empresas. Ele prevê -mais uma vez- que o subsídio exista por apenas três meses e parcela a dívida a partir de novembro. Nada foi pago em agosto.
Os empresários dizem estar assinando o acordo porque o que mais lhes importa é receber os R$ 176 milhões. Eles não garantem que conseguirão saldar seus compromissos e afirmam que, se os perueiros não forem combatidos, querem o subsídio em dezembro.


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