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CRISE
Empresários já admitem que não terão caixa para pagar vales e salários; prefeitura e setor tentam acordo
Atrasos podem voltar a parar os ônibus
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
O sistema de
transportes coletivos de São Paulo
pode voltar a parar
nos próximos dias.
Isso porque os
empresários não vão receber nenhum repasse da prefeitura em
agosto e já admitem que podem
atrasar o pagamento dos vales-transporte -R$ 9,3 milhões que
devem ser entregues na segunda.
Segundo o Transurb (sindicato
das empresas), o setor já tentou
conseguir empréstimos para evitar o atraso dos pagamentos do
dia 20. Não conseguiu, e os funcionários pararam na segunda.
Os bancos negaram o empréstimo porque a conta corrente da
prefeitura está bloqueada, o que
tira o valor da confissão de débito
assinada pelo município.
A prefeitura afirma que a conta
será desbloqueada na sexta. Não
há nenhuma garantia, porém, que
os empréstimos serão liberados
em um prazo que permita que os
vales sejam entregues em dia.
Além disso, no dia 5, as empresas devem pagar 60% dos salários
-R$ 48,6 milhões. Os empresários não descartam novos atrasos.
Para setembro, a prefeitura deve
repassar ao setor R$ 10 milhões de
subsídio. O subsídio é a diferença
entre o custo que as empresas tiveram para manter o sistema (salários, combustível etc.) e o que
elas arrecadaram com as passagens.
O sistema custa hoje R$ 125 milhões. No primeiro semestre, as
empresas transportaram em média 94,8 milhões de passageiros
por mês. Isso significa que elas arrecadaram R$ 108 milhões (o cálculo usa R$ 1,14 por passageiro).
Deveriam ter recebido R$ 17 milhões da prefeitura, mas o montante não é pago integralmente há
mais de um ano -o que soma
uma dívida de R$ 176 milhões.
Em junho, o governo tentou fazer um acordo com os empresários: criou um calendário de pagamento e se comprometeu a combater os perueiros. Em troca, exigiu que o subsídio fosse fixado em
R$ 10 milhões mensais até agosto
e extinto a partir de setembro.
Pelo acordo, as empresas teriam
recebido R$ 50 milhões desde junho, incluindo dívida e subsídio.
A prefeitura pagou R$ 26 milhões.
Um novo acordo está sendo feito e já foi assinado por 15 das 52
empresas. Ele prevê -mais uma
vez- que o subsídio exista por
apenas três meses e parcela a dívida a partir de novembro. Nada foi
pago em agosto.
Os empresários dizem estar assinando o acordo porque o que
mais lhes importa é receber os R$
176 milhões. Eles não garantem
que conseguirão saldar seus compromissos e afirmam que, se os
perueiros não forem combatidos,
querem o subsídio em dezembro.
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