São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2001

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URBANIDADE

Burrice e inteligência na Vila Olímpia

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

A paixonado por caça submarina, Adalberto Bueno Netto criou, na década de 80, uma academia especializada em esportes aquáticos. Ocupou quase um quarteirão inteiro na Vila Olímpia -um empreendimento impossível de ser reproduzido hoje naquelas imediações, exceto se alguém quisesse afundar o investimento.
Não se imaginava, até então, a explosão dos preços dos terrenos no bairro, apelidado de "vale do Silício brasileiro". Ali se aglutinam empresas de alta tecnologia, especialmente de internet. A sofisticação está, porém, enclausurada em alguns dos metros quadrados mais caros da cidade.
Os prédios são inteligentes, o capital humano é dos mais sofisticados, mas as ruas são "burras" -inseguras, feias e sem espaço para pedestres.
Uma experiência tenta reduzir a distância entre a "inteligência" dos prédios e a "burrice" das ruas -mais precisamente numa área entre as avenidas Juscelino Kubitschek, Nova Faria Lima, Nações Unidas (marginal Pinheiros) e Bandeirantes e a rua Ribeirão Claro. "A Vila Olímpia é o país do futuro cercado do país do passado", diz Adalberto Bueno Netto, presidente da Colméia, entidade dos moradores que caça o apoio das empresas.
A julgar pelo faturamento das empresas do bairro -a Eletropaulo é uma delas-, dinheiro, em tese, não falta. Dando início à experiência, começaram a rodar, nesta semana, peruas doadas para fazer segurança. Uma empresa de vigilância privada preparou, em parceria com as polícias Civil e Militar, a estratégia de policiamento preventivo.
O projeto prevê intervenções, como melhoria nas calçadas, na iluminação e nas sarjetas, drenagem, assim como ofertas de áreas de lazer e de atividades culturais. Foi pedido à Eletropaulo que, para melhorar a paisagem, ocultasse os postes e enterrasse os fios no subsolo, acabando com o "efeito varal" das ruas, e permitisse o crescimento de árvores. A resposta ao pedido é, por enquanto, positiva.
Nessa reformulação urbana, haveria até transporte de graça. Para diminuir o tráfego de veículos, especialmente de ônibus, seriam oferecidas, gratuitamente, vans para circular nos pontos mais congestionados. "Queremos fazer a mais importante experiência urbana do Brasil", afirma José Paim, vice-presidente da Colméia e presidente da YPO, entidade que reúne alguns dos mais importantes jovens executivos brasileiros.
E-mail - gdimen@uol.com.br


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