São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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Pedido de linha requer apenas dados pessoais

DA REPORTAGEM LOCAL

As linhas telefônicas fixas, que podem ser adquiridas sem a necessidade de apresentação de documentos ou a presença do interessado na empresa, viraram alvo de estelionatários. Os golpes acumulam boletins de ocorrência nas delegacias de São Paulo.
Como o pedido de linhas pode ser feito por telefone, estelionatários informam os números de identidade e CPF de outros clientes. As vítimas só percebem a fraude quando recebem a cobrança das dívidas ou têm o nome incluído na Serasa ou no SPC.
Só no 3º Distrito Policial, área onde fica a sede da Telefônica, são 20 boletins de ocorrência por mês. "Pedem só os números do CPF e do RG para conseguir as linhas. Fica muito fácil para os estelionatários", diz Clóris Nei Sibuta, chefe dos investigadores.
O analista de sistemas Celso Ricardo Barboza, 29, diz que teve seu nome incluído no SPC por três meses. Os débitos de quatro linhas estavam em R$ 10 mil quando ele descobriu o golpe. A Telefônica cancelou a dívida.
"O problema é o transtorno que causa. Isso mostra uma grande fragilidade do sistema", diz Barboza. Ele afirma que não teve documentos roubados ou perdidos.
O músico Paulo Sérgio da Silva, 45, descobriu por acaso que tinha mais seis linhas telefônicas em seu nome e que estavam sendo usadas por terceiros. Os débitos de seis meses já somavam R$ 40 mil. A Telefônica também suspendeu os débitos e cancelou as linhas.
"Fizeram isso [instalar as linhas] sem a minha autorização. Eu não perdi documento nenhum. Cadê a minha assinatura?", questiona o músico. "Números do RG e do CPF você pode tirar de qualquer folha de cheque. É a coisa mais fácil do mundo solicitar uma linha em nome de outra pessoa", afirma. (GP)


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