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Para a companhia,
fazer outra estação
é mais econômico
DA REDAÇÃO
Se fosse considerado o plano de
1978 para a construção da estação
República da linha 4, os prejuízos
para a cidade seriam maiores. Essa é a avaliação da Companhia do
Metrô, para quem ficou mais fácil
e menos traumática a solução pela
demolição da plataforma central e
a construção das novas, laterais.
Como justificativa, a menor intervenção no tráfego, o prazo
mais curto para a execução e a
adaptação do método antigo de
escavação de túneis para o atual.
Para a linha 4, o Metrô utiliza
um shield (equipamento para escavação de túneis) diferente do
usado até 1982, quando a estação
República foi inaugurada. A máquina, que escavava dois túneis de
seis metros de diâmetro, agora levanta apenas um de 9,5 m -por
ele, passarão os dois trilhos.
Da forma como foram construídos os 50 m dos 140 m previstos
para a estação da linha 4, seria necessário interromper a obra do
túnel pelo método atual na avenida Ipiranga na altura do edifício
Copan, onde haveria um poço, e
construí-lo por outro, o NATM (o
chamado túnel mineiro), até outro poço, na rua 24 de Maio.
O shield seria transportado de
uma abertura para a outra para
que o processo seguisse pelo método moderno até a estação Luz.
Essa solução também afetaria os
prazos estipulados pela companhia para a construção da linha.
No processo de desapropriação
de imóveis para a obra, o Metrô
preferiu entrar na Justiça a negociar com os proprietários. A greve
dos servidores do Judiciário, no
entanto, atrapalhou esse plano.
"Mas a mudança não deveu-se
só à intenção de arrumar os prazos. Ganhou ênfase porque eu tinha recebido da comunidade local pedidos para que não interrompesse a avenida naquela região. A CET entrou com um pedido para que os acessos aos edifícios não fossem dificultados. Fora
as implicações construtivas de ter
que tirar uma máquina de um poço, passar pela rua e levar para o
outro lado -fecharia a avenida. E
daí surgiu a idéia de passar com a
máquina diretamente pela estação", diz o o diretor de engenharia
do Metrô, Sergio Salvadori.
"O shield não conseguiria passar na estação", argumenta o engenheiro Fábio Gandofo, diretor
do consórcio Via Amarela, responsável pela obra. "O equipamento tem 300 metros de comprimento e seria preciso escavar o
trecho restante de maneira operacional. E fizeram só a parte bruta
[da estação], não está acabada.
Vamos avaliar o concreto [da parte já construída], ver se não houve
danos, e começar a obra."
Segundo Salvadori, a alternativa
é a mais econômica por eliminar
os dois poços previstos na Ipiranga e por escavar os túneis pelo
método atual -pelo anterior, o
metro construído custaria o dobro. O valor do contrato não muda: continuam os R$ 2,1 bilhões
previstos para a primeira fase da
linha, que incluem 12,8 km de túneis, seis estações e 14 trens.
Essa análise é defendida pelo diretor de engenharia civil do Instituto de Engenharia, Roberto Kochen, 50. "Houve mudança de
tecnologia e métodos construtivos entre as duas obras. A opção
de abrir toda a região em vala a
céu aberto causaria um transtorno muito grande ao tráfego", diz.
Para o arquiteto Eduardo Hotz,
responsável pelo projeto original
da estação, a mudança não configura desperdício: "Nenhum sistema ou equipamento foi colocado
nessa linha, tudo isso é novo. Essa
mexida não implica nenhuma
mudança significativa."
Sobre a estação Pedro 2º, Salvadori sinaliza que, na época da
construção (1979), a companhia
deixava estações prontas para receber novas linhas. "Se estou
construindo a estação Pedro 2º e a
receita diz que eu preciso passar
em Pedro 2º, para construir a estação depois é muito difícil. Vou
mudar o tempo do verbo: era
muito difícil. Hoje, as técnicas
construtivas já não exigem mais
que eu faça e deixe pronto. Casos
como os da República e da Pedro
2º não vão se repetir mais."
Procurada, a assessoria de Paulo Maluf, governador à época da
construção da estação República,
disse que a obra era necessária e
seguiu as regras técnicas.
(MSS)
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